VIRANDO DE PONTA-CABEÇA: BRANQUITUDE, (TRANS)FORMAÇÃO DOCENTE E OUTROS MUNDOS POSSÍVEIS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26694/rles.v28i57.5389

Palavras-chave:

Branquitude, Pesquisa Narrativa, Currículos, (Trans)formação Docente

Resumo

O presente artigo tem como objetivo explorar as percepções de professoras da Educação Básica em relação à noção de branquitude, visando a discutir o papel da pessoa branca na luta antirracista no contexto escolar, considerando os currículos pensadospraticados. Assumimos como opção politicaeticametodologica a pesquisa narrativa nosdoscom os cotidianos escolares como forma de (re)valorizar os saberes dos sujeitos, como potencial emancipatório e (trans)formador. Em diálogo com os estudos da branquitude (Schucman,2012; Sovik, 2009; Bento, 2022), exploramos o caráter singularsocial (Reis, 2022a) dos saberes tecidos pelas/nas/com as práticas curriculares cotidianas no fluxo constante da transformação docente. Acreditamos que buscar tensionar a noção de branquitude dentrofora da escola é potencializar o caráter emancipatório da educação comprometida com um mundo mais plural, democrático e amoroso.

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Biografia do Autor

Graça Reis, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutora e mestre (ProPED/UERJ). Professora do Colégio de Aplicação e do Programa de Pós-graduação em Educação
(UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Endereço para correspondência: Rua J.J. Seabra, s/n, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
CEP: 22470-130. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2420-0985. E-mail: francodasilvareis@gmail.com.

Marcia Reis, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestra em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestre em Estudos da Linguagem pela PUC-Rio com licenciatura em Letras (Português-Inglês) pela Universidade Veiga de Almeida. É professora de inglês da educação básica e membro do coletivo feminino Conversas entre Professores: Alteridades e Singularidades (ConPAS). A partir de uma postura decolonial, tem grande interesse em compreender como professoras e professores tecem seus currículos nosdoscom os cotidianos nos espaçostempos onde atuam buscando promover justiça cognitiva e, portanto, um mundo mais democrático, plural e repleto de bonitezas.

Erica Teixeira, Secretaria Municipal de Educação Rio de Janeiro

Mulher, mãe, esposa, educadora. Nascida e criada no subúrbio da Cidade Maravilhosa, apaixonada pelos encontros, pelas narrativas partilhadas no cotidiano escolar e pelos saberes que emergem do fazer. Tem sua trajetória acadêmica trilhada em escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro. Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professora da Educação básica há vinte anos. Especialista em Gestão Escolar e Gestão Pública. Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem nas séries iniciais do Ensino Fundamental, Educação Infantil, Educação Especial, Coordenação Pedagógica e Gestão Escolar. Atualmente, diretora adjunta em um Espaço de Desenvolvimento Infantil na Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Compõe os Grupos de Pesquisa CONPAS: Conversas com professores - Alteridades e Singularidades e Questão da Escola: diferença, desconstrução e intersubjetividade.

Amanda Silva, Secretaria Municipal de Educação Duque de Caxias

Pós-graduada em Alfabetização, leitura e escrita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal Fluminense. Membro do grupo de pesquisa "Conversas entre professorXs: alteridades e singularidades" (ConPAS/CAp/UFRJ). Professora de Ensino Fundamental da Prefeitura Municipal de Duque de Caxias e da Prefeitura da Cidade de Nova Iguaçu. Tem experiência na área de Educação e se aproxima principalmente dos seguintes temas: alfabetização, educação infantil, pesquisa narrativa, cotidiano escolar, currículo e formação docente.

 

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Publicado

2024-05-06

Como Citar

Reis, G., Reis, M., Teixeira, E. ., & Silva, A. (2024). VIRANDO DE PONTA-CABEÇA: BRANQUITUDE, (TRANS)FORMAÇÃO DOCENTE E OUTROS MUNDOS POSSÍVEIS. Linguagens, Educação E Sociedade, 28(57), 1 - 23. https://doi.org/10.26694/rles.v28i57.5389