FORMAÇÃO SOCIOCIENTÍFICA NA LICENCIATURA EM QUÍMICA: DISCURSO E PRÁTICA DOCENTE
DOI:
https://doi.org/10.26694/rles.v26i51.2848Palavras-chave:
Licenciatura em Química; Formação de Professores; Currículo; Formação sociocientífica.Resumo
Formação sociocientífica deve ser entendida como a capacidade de relacionar o conhecimento químico com a realidade social, refletindo sobre as inter-relações ciência e tecnologia dentro da sociedade, buscando, assim, formar cidadãos críticos e aptos a uma tomada de decisão pessoal e social quanto a situações-problema relacionados com a Ciência e a Tecnologia. Nossa pesquisa teve como questão norteadora perceber se as licenciaturas em Química trabalham a formação de professores numa perspectiva sociocientífica como meio de diálogo entre a formação científica e sua relação com o contexto social, proporcionando a ampliação para além do modelo da racionalidade técnica, instituído historicamente. Nosso objetivo foi investigar elementos constitutivos de uma perspectiva sociocientífica na formação de professores nas licenciaturas em Química, visando identificar uma integração e articulação dessa formação com os saberes e práticas da formação docente. Nossa pesquisa foi do tipo qualitativa e escolhemos como método o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), de forma aproximada que consiste na junção do discurso de cada sujeito participante da pesquisa, suscitando uma síntese discursiva, que representa o pensamento qualitativo da coletividade, apresentando de forma simbólica o que pensa o coletivo social dos sujeitos da pesquisa. Os Locais de pesquisa foram as Licenciaturas em Química de duas Universidade uma Federal e outra Estadual. Observamos que a formação de professores licenciados em Química privilegia a racionalidade técnico-instrumental e os saberes científicos disciplinares, não dialetizando de forma substancial e contínua esses componentes com a perspectiva sociocientífica e crítica, nos processos formativos.
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