MÍSTICA E ILUSTRAÇÃO NA FORMAÇÃO CRISTÃ DE GABRIEL MALAGRIDA: REPERCUSSÕES NO TRABALHO MISSIONÁRIO NO BRASIL DO SÉCULO XVIII
Palavras-chave:
Gabriel Malagrida, Formação humanística, Ação missionáriaResumo
A intenção deste texto é recuperar a formação intelectual de Gabriel Malagrida (1689-1761) e as repercussões em sua ação missionária no Brasil do século XVIII. Por mais de 30 anos, o catequizador e jesuíta italiano ergueu e restaurou espaços de recolhimento para grupos sociais moral e fisicamente em risco. Nesse sentido, o objetivo deste texto é traçar um perfil do itinerário desse missionário que alimentou uma fama de santo nos sertões por onde andou e explicitar a ação educativa da sua obra. Temos como problema de pesquisa a seguinte questão: quais as marcas de formação expressas em seu trabalho missionário no Brasil? A nossa base teórica se encontra nos estudos de Paul Mury (1874), principal biógrafo do missionário, Miguel Real (2009) e Ilario Govoni (2008). Estamos ancorados também na Nova História, especificamente, na história cultural na medida em que tomamos as obras do Padre Malagrida como ações educativas inscritas nas culturas dos sujeitos que passaram pela sua evangelização. Entendemos que a feição do cristianismo de Gabriel Malagrida era feita de palavra, de rastros e de instituições que cuidavam do corpo e da alma do povo em desamparo. O estudo procura esclarecer que não eram apenas as palavras escrita e falada do missionário que insultavam ou incomodavam seus algozes, mas a memória de santidade atribuída pelo povo e parte da nobreza, somada às notícias de sucesso do seu trabalho de fundador de obras assistenciais no Brasil. Nesse sentido, ele intimidava a quem o julgava por ter uma trajetória de exposição de uma vasta cultura literária e teológica, a qual não haveria como destruir nem com seu corpo transformado em cinzas.
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