FORMAÇÃO HUMANA COMO AÇÃO INTELECTUAL, ÉTICA E POLÍTICA
DOI:
https://doi.org/10.26694/rles.v28i57.3939Palavras-chave:
Formação de professores, Educação escolar, Pluralidade, Autoridade, ResponsabilidadeResumo
Este ensaio tem o intuito de refletir sobre algumas contribuições do pensamento de Hannah Arendt para a formação de professores. O argumento proposto é o de que a responsabilidade frente ao ato educativo envolve as dimensões intelectual, ética e política como constituintes primordiais do pensar e do agir pedagógico-educativo. Em sua dimensão intelectual, requer compreender que os sujeitos recém-chegados precisam ser inseridos em um mundo já existente e nele iniciados por meio de práticas escolares e de conhecimentos históricos, culturais e científicos para que assim possam preservar sua historicidade. Ainda, na ação pedagógico-educativa, ter um saber e saber-fazer não é suficiente, pois, em razão da imprevisibilidade e pluralidade da ação humana, a atividade do pensar continuamente é demandada. Assim, na interdependência entre pensamento e ação se observam duas implicações: uma ética e outra política. A primeira diz respeito ao pensar para agir de forma a preservar no mundo o bem, a força da palavra e a negação da violência. A dimensão ética também envolve a vontade e os motivos e projetos que os professores constroem para a ação educativa, aspectos por vezes esquecidos ou pouco explorados na formação. Já a implicação política tem como foco resguardar a vida dos sujeitos no espaço comum e estabelecer as condições possíveis e necessárias para que possam expressar e fazer suas escolhas. Quem assume a tarefa da educação admite a responsabilidade por outros e por criar encontros nos quais estes possam fazer seus inícios únicos e singulares.
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