CRENÇAS PEDAGÓGICAS SOBRE INCLUSÃO ESCOLAR: DISCURSO E SABERES DOCENTES
Palavras-chave:
Inclusão escolar, Educação especial, Deficiência, Análise do discursoResumo
Este artigo analisa a experiência inclusiva em andamento em escolas públicas do município de Marabá, Amazônia Brasileira, tendo como objetivo estudar nas falas dos docentes de sala comum sobre as relações entre sala comum e sala multifuncional, os modos de funcionamento discursivo, envolvendo crenças subjacentes e efeitos de sentido. Para tanto, utiliza um dispositivo analítico que articula a contribuição de Verón, a partir da semiótica, com a análise de discurso de base francesa, principalmente trazida sob a ótica de Orlandi. O corpus discursivo foi organizado a partir de trechos de entrevistas com quatro professores; tais trechos, tratando de prática docente, traziam comparações entre sala comum e sala multifuncional. O dispositivo analítico que utilizamos implicou em evidenciar, inicialmente, o dito explicitamente, para em seguida operar com o que, não sendo dito explicitamente, produz igualmente sentido. O trabalho conclui que o discurso pedagógico analisado tem sido permeado por determinadas crenças, as quais se resumem por uma fé na eficácia do atendimento individualizado para o aluno em situação de deficiência, na homogeneidade de todos os outros alunos e na possibilidade de capacitação para que o professor possa lidar com toda e qualquer necessidade específica do alunado. Isso implica, como efeitos de sentido, em expectativa de: ineficiência da sala comum, sob a argumentação de que não permite o atendimento individualizado; ineficiência do professor de sala comum, pela dificuldade em se capacitar para lidar com toda a diversidade das lesões; inexistência da diversidade fora da questão da deficiência, levando a uma perspectiva pedagógica homogeneizante.
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