ADULTOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: ASPECTOS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
DOI:
https://doi.org/10.26694/rles.v29i59.4662Palavras-chave:
Deficiência Intelectual, Adultos, Alfabetização e LetramentoResumo
Para estudiosos da Psicologia Histórico-Cultural, as mudanças de comportamento que ocorrem durante o processo de desenvolvimento possibilitam os avanços na transformação da criança em um adulto cultural. Os processos mentais superiores – memória, percepção, pensamento, imaginação e vontade – propiciam a introdução no mundo dos símbolos, os quais são mediados pelas influências socioculturais e regidos pelas leis da internalização. Quando a linguagem é imposta sem conexão com a realidade e sem significado, torna-se apenas uma habilidade técnica e mecânica, pois os educandos não se envolvem com a essência da língua. A partir dessa premissa, objetivamos, neste texto, refletir a respeito da apropriação da leitura e escrita por adultos com Deficiência Intelectual (DI). Desenvolvemos assim, um estudo qualitativo do tipo bibliográfico respaldado principalmente nas contribuições de Vygotsky e Luria. Acreditamos que pouca atenção é dada à linguagem escrita como tal, já que, geralmente, o professor começa pelo aspecto técnico e esquece a função social para qual a escrita foi criada, ou seja, para registro, expressão e comunicação, e isso se agrava quando o educando tem DI. O estudo, amparado nos pressupostos da Psicologia Histórico-Cultural, evidenciou, no caso de pessoas com DI, diante de um entorno sociocultural em que mediadores sejam escassos ou inexistentes, com poucas oportunidades de interação social efetivamente ofertadas, que é a escola, por meio da instrução formal, que potencializará a formação desses signos linguísticos, indispensáveis à formação dos conceitos científicos.
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