O ESTADO, IGREJA E EDUCAÇAO NO BRASIL – DO REGALISMO AO ULTRAMONTANISMO (1870/1935)
Palavras-chave:
Aparelho ideológico, Igreja Católica, Estado, EducaçãoResumo
Este estudo teve como objetivo investigar uma das formas de inculcação ideológica utilizada pela Igreja Católica, a epistolar, quanto a seus posicionamentos em relação à educação. A rigor, estas epístolas têm o objetivo de tratar, de maneira formal, de temas que merecem particular atenção tanto do episcopado quanto do Vaticano. De modo especial, a partir de meados do século XIX, três temáticas predominaram na preocupação da Igreja Católica: o comunismo, o matrimônio e a educação. Este trabalho investigou, dentro do processo de “romanização” da Igreja, o papel atribuído ao aparelho ideológico escolar. O período em análise (1830-1935) caracteriza-se, justamente, pela consolidação da hegemonia ultramontana. A principal estratégia utilizada pela Igreja Católica para a consolidação deste processo foi a implantação de uma rede de ensino confessional baseada, principalmente, na atuação das congregações religiosas e de uma intricada relação com o positivismo político e com estruturas sociais conservadoras então hegemônicos no Brasil. O que se observa ao final da República Velha é que a Igreja Católica conseguiu retomar seu papel hegemônico no processo de formação ideológica, apesar do caracterizado papel de coadjuvante no aspecto político. Ademais, evidencia-se que este processo ocorreu, em grande monta, através do domínio do aparelho ideológico escolar pela Igreja.
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