O PODER DO OLHAR NA RELAÇÃO PEDAGÓGICA
Palavras-chave:
Poder, Olhar, Relação pedagógicaResumo
O presente ensaio resulta de pesquisa teórica e tem o objetivo de refletir sobre o poder do olhar na relação pedagógica. Pouco se tem falado sobre isso. Há mais silenciamentos do que enunciação. No dia a dia da sala de aula a relação pedagógica acontece “entre olhares”, seja do professor, seja dos estudantes. Transcorre como produção de diferentes práticas, vivências e significados, muitos destes, velados ou não expressos, e o olhar do educador é responsável por um número expressivo deles. Para dar sustentação à nossa argumentação buscamos, na literatura, autores que pudessem nos socorrer com seus escritos e apontamentos, dentre eles Merleau-Ponty (1990, 1997, 2005), Fernández (2012), Mora (2004), Arendt (2010), Perissé (2011), Alves (2011, 2014), Freire (1997), dentre outros. O poder do olhar do professor aqui é compreendido em seu sentido metafórico, representando muito mais do que o ver físico. Carrega consigo a intensidade e a extensão da sua conduta “pedagógica”, ao mesmo tempo em que procura incluir o aluno que assume a postura de quem é “olhado”. Pretendemos suscitar reflexões e trazer à tona o entendimento de que o olhar do professor aprova, incentiva, estimula ou reprova, desanima, desmotiva, inibe. Levar o educador a desenvolver sensibilidade no olhar e aprimorar sua dimensão construtiva parece ser a intenção primeira deste texto, não sabemos se seremos suficientemente iluminados e competentes para tanto, o que nos encoraja a não desistir é a possibilidade grande que há de obtermos êxito.
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