A LITERATURA COMO LUGAR DE MEMÓRIA PARA A ESCRITA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Palavras-chave:
Memórias docentes, Escritos de professoras, Professora primária, História da educaçãoResumo
O presente artigo tem o objetivo de discutir o modo como os professores se valem de textos literários, memorialísticos e autobiográficos para construir uma memória do trabalho docente. O estudo será feito a partir do caso da professora paulista Botyra Camorim que criou para si um projeto de escritora, após a aposentadoria. Considerando que seus livros de memória, contos e romances tomam como conteúdo as experiências do magistério, eles se constituem em fontes privilegiadas para a escrita de uma História que contemple perspectivas e representações dos sujeitos sociais no cruzamento com experiências coletivas de docência. Ainda que escritos e publicados a partir da década de 1950, a produção traz relatos referentes à primeira metade do século XX, quando se deu a formação e atuação da professora no campo educacional. Por isso, a análise estará centrada nesse período, sem deixar de considerar os contextos de enunciação das obras. A contribuição desta investigação é mostrar como o magistério primário e a escola pública são narrados e representados do ponto de vista de uma professora que assume, em relação à educação paulista, um papel de testemunha e protagonista.
Downloads
Referências
ALMEIDA JUNIOR, Antonio Ferreira de. A escola pitoresca e outros trabalhos. 2. ed.São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1951.
BAKHTIN, M. Questões de literatura e estética: a teoria do romance. Tradução Aurora Fornoni Barnardini et. al. São Paulo: Hucitec, 1993.
BARTHES, R. Escritores, intelectuais, professores. In:________. O rumor da língua. Lisboa: Edições 70, 1987. p. 265-280.
CAMORIM, Botyra. Uma vida no magistério. São Paulo: Saraiva 1962.
______. O grande segredo. Mogi das Cruzes: [s.n.], 1966.
______. Cristina. Mogi das Cruzes: [s.n.], 1968.
______. Além da Terra. Mogi das Cruzes: [s.n.], 1974.
______. Coisas que acontecem. São Paulo: Oficinas da Sociedade Impressora Pannartz Ltda, 1986.
CANDIDO, A. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2006.
CHARTIER, R. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990.
DEMARTINI, Z. de B. (Coord.). Velhos mestres das novas escolas: um estudo das memórias de professores da Primeira República em São Paulo. São Paulo: Centro de Estudos Rurais e Urbanos, 1984.
DUARTE, Constância L. A ficção didática de Nísia Floresta. In: LOPES et all. 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 291-324.
LACERDA, Lílian Maria de. Lendo vidas: a memória como escritura autobiográfica. In: MIGNOT, Ana Chrystina V.; BASTOS, M. H. C.; CUNHA, M. T. S. (Orgs.). Refúgios do eu: educação, história e escrita autobiográfica. Florianópolis: Mulheres, 2000. p. 81-108.
LOURENÇO FILHO, M. B. Um inquérito sobre o que os moços lêem. Revista Educação, São Paulo, v.1, n.1, p.30-39, out. 1927.
______. Há uma vocação para o magistério? Revista Educação, São Paulo, v.5, n.2, p.219-234, nov./dez. 1928.