CRENÇAS PEDAGÓGICAS SOBRE INCLUSÃO ESCOLAR: DISCURSO E SABERES DOCENTES

Autores

  • HILDETE PEREIRA DOS ANJOS

Palavras-chave:

Inclusão escolar, Educação especial, Deficiência, Análise do discurso

Resumo

Este artigo analisa a experiência inclusiva em andamento em escolas públicas do município de Marabá, Amazônia Brasileira, tendo como objetivo estudar nas falas dos docentes de sala comum sobre as relações entre sala comum e sala multifuncional, os modos de funcionamento discursivo, envolvendo crenças subjacentes e efeitos de sentido. Para tanto, utiliza um dispositivo analítico que articula a contribuição de Verón, a partir da semiótica, com a análise de discurso de base francesa, principalmente trazida sob a ótica de Orlandi. O corpus discursivo foi organizado a partir de trechos de entrevistas com quatro professores; tais trechos, tratando de prática docente, traziam comparações entre sala comum e sala multifuncional. O dispositivo analítico que utilizamos implicou em evidenciar, inicialmente, o dito explicitamente, para em seguida operar com o que, não sendo dito explicitamente, produz igualmente sentido. O trabalho conclui que o discurso pedagógico analisado tem sido permeado por determinadas crenças, as quais se resumem por uma fé na eficácia do atendimento individualizado para o aluno em situação de deficiência, na homogeneidade de todos os outros alunos e na possibilidade de capacitação para que o professor possa lidar com toda e qualquer necessidade específica do alunado. Isso implica, como efeitos de sentido, em expectativa de: ineficiência da sala comum, sob a argumentação de que não permite o atendimento individualizado; ineficiência do professor de sala comum, pela dificuldade em se capacitar para lidar com toda a diversidade das lesões; inexistência da diversidade fora da questão da deficiência, levando a uma perspectiva pedagógica homogeneizante.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

HILDETE PEREIRA DOS ANJOS

Doutora em educação pela UFBA. Professora da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIVESSPA). Coordena o Núcleo de Educação Especial (NEES). Coordena o grupo de pesquisa em Dinâmicas Socioeducacionais, Políticas Públicas e Diversidade (GEDPPD).

Referências

ANJOS, H. P. O espelho em cacos: análise dos discursos imbricados na questão da inclusão, 2006. 329 f. Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006.

______. et al. A inclusão escolar do ponto de vista dos professores: o processo de constituição de um discurso. Revista Brasileira de Educação, v. 14, p. 116-129, 2009.

______. et al. Efeitos da inclusão nas escolas públicas: uma leitura a partir das falas de professores e gestores. In: IV SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL, 6, 2011, Nova Almeida-ES. Anais...: Práticas pedagógicas e inclusão: multiplicidade do atendimento educacional especializado. Vitória; Porto Alegre; S. Carlos: UFES/UFRGS/UFSCAR, 2011. 1 CD-ROM.

BAPTISTA, C. R., JESUS, D. M. (Org.). Avanços em políticas de inclusão: o contexto da educação especial no Brasil e em outros países. Porto Alegre: Mediação, 2009.

______. Ação pedagógica e educação especial: para além do AEE In: IV SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL, 6, 2011, Nova Almeida-ES. Anais...: Práticas pedagógicas e inclusão: multiplicidade do atendimento educacional especializado. Vitória; Porto Alegre; S. Carlos: UFES/UFRGS/UFSCAR, 2011. 1 CD-ROM.

BEYER, H. O. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessidades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.

BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo:Perspectiva, 2005.

BRASIL. Resolução CNE/CEB n. 2 de 11 de setembro de 2001. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2001.

______. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasilia: MEC/SEESP, 2008.

______. Marcos político-legais da educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasilia: MEC/SEESP, 2010.

BRUNO, M. M. G. A política pública de educação especial na perspectiva da educação inclusiva: algumas reflexões sobre as práticas discursivas e não discursivas. Disponível em: <http://www.anped.org.br/33encontro/app/webroot/files/file/Trabalhos%20em%20PDF/GT15-6071--Int.pdf>. Acesso em 10 fev. 2010.

DINIZ, D. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense, 2007.

GARCIA, R. M. C. Política de educação especial na perspectiva inclusiva e a formação docente no Brasil. Revista Brasileira de Educação, v. 18, n. 52, jan./mar. 2013.

______. Políticas inclusivas na educação: do global ao local. In: BAPTISTA, C. R.; CAIADO, K. R. M.; JESUS, D. M. (Org.). Educação especial: diálogo e pluralidade. Porto Alegre: Mediação,2010.

GÓES, M. C. R. As contribuições da abordagem histórico-cultural para a pesquisa em educação especial. In: BAPTISTA, C. R.; CAIADO, K. R. M.; JESUS, D. M. (Org.). Educação especial: diálogo e pluralidade. Porto Alegre: Mediação, 2010.

GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

JESUS, D. M. Atendimento educacional especializado e seus sentidos: pela narrativa de professoras de AEE. In: IV SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL, 6, 2011, Nova Almeida-ES. Anais...: Práticas pedagógicas e inclusão: multiplicidade do atendimento educacional especializado. Vitória; Porto Alegre; S. Carlos: UFES/UFRGS/UFSCAR, 2011. 1 CD-ROM

LARROSA, J. B. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

LEITE, L. P. et al.Currículo e deficiência: análise de publicações brasileiras no cenário da educação inclusiva. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 29, n. 1, mar. 2013. p. 63-92.

LIMA, E. T. O processo de inclusão vivenciado na escola Odílio da Rocha Maia / Marabá – PA. 83 f. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Educação. Campus Universitário de Marabá, Universidade Federal do Pará, 2011.

MENDES, E. G. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 33, set./dez. 2006.

MENDES, G. M. L. et al. Atendimento educacional especializado por entre políticas, praticas e currículo: um espaçotempo de inclusão In: IV SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL, 6, 2011, Nova Almeida-ES. Anais...: Práticas pedagógicas e inclusão: multiplicidade do atendimento educacional especializado. Vitória; Porto Alegre; S. Carlos: UFES/UFRGS/UFSCAR, 2011. 1 CD-ROM.

OLIVEIRA, I. A. (Org.). Cadernos de Atividades em Educação Popular: políticas de educação inclusiva em. Belém, Pará: Ed. UEPA, 2011.

OMOTE, S. Caminhando com Dibs: uma trajetória de construção de conceitos em educação especial. Rev. bras. educ. espec., Marília,v. 16, n. 3, dez. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382010000300002&Ing=en&nrm=iso>. Acesso em: 27 mai. 2011.

ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5.ed. Campinas, SP: Pontes, 2005.

PRIETO, R. G. Sobre mecanismos de (re)produção de sentidos das políticas educacionais. In: BAPTISTA, C. R.; CAIADO, K. R. M.; JESUS, D. M. (Org.). Educação especial: diálogo e pluralidade. Porto Alegre: Mediação, 2010.

RIBEIRO, N. B.; ANJOS, H. P. Para uma leitura discursiva das dinâmicas sociais: aproximando Vigotski e Bakhtin. In: Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e ordeste, 20, 2011, Manaus. Anais XX EPENN: Educação, Culturas e Diversidade. Manaus – AM, 2011. 1 CD-ROM

SANTOS, J. B. A dialética da “inclusão/exclusão” na história da educação dos alunos com deficiência. Revista da FAEEBA: Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 11, n.17, p. 27-44, jan./jun. 2002.

VERÓN, E. Fragmentos de um tecido. São Leopoldo (RS): Ed. UNISINOS, 2004.

______. A produção de sentido. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1980.

VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2001.

______. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

______. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

Downloads

Publicado

2013-12-09

Como Citar

PEREIRA DOS ANJOS, H. . (2013). CRENÇAS PEDAGÓGICAS SOBRE INCLUSÃO ESCOLAR: DISCURSO E SABERES DOCENTES. Linguagens, Educação E Sociedade, (29), 17-38. Recuperado de https://periodicos.ufpi.br/index.php/lingedusoc/article/view/1329

Edição

Seção

Artigos