“TORNE-SE PROFESSOR E AUMENTE SUA RENDA”: O DISCURSO DE NEGAÇÃO DA DOCÊNCIA COMO PROFISSÃO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26694/les.v0i42.7777

Palavras-chave:

Profissão docente, Kroton Educacional, Formação docente, Análise do Discurso

Resumo

O presente estudo analisa o discurso da Kroton Educacional sobre a formação e a profissão docente no Brasil. Ao longo do texto, demonstra-se ser recorrente, no Brasil, a utilização de políticas ditas emergenciais para o recrutamento de professores, medidas sempre justificadas face ao déficit de docentes para a demanda da Educação Básica. Para atingir o objetivo estabelecido, recorreu-se ao arcabouço teórico-metodológico da Análise do Discurso fundada por Michel Pêcheux em articulação com o materialismo histórico dialético. Esse referencial permite concluir que o discurso das redes educacionais Anhanguera e Unopar, ambas do sistema Kroton, desqualifica a docência como profissão, legitima sua desvalorização social e nega a necessidade de conhecimentos pedagógicos sólidos para o seu exercício.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

VALCI MELO, Universidade Federal de Alagoas

Doutorando em Educação pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), instituição onde cursou o Mestrado em Educação e a licenciatura em Ciências Sociais.  

MARIA DO SOCORRO AGUIAR DE OLIVEIRA CAVALCANTE, Universidade Federal de Alagoas

Professora associada da Universidade Federal de Alagoas, graduada em Letras, com Mestrado e Doutorado em Letras e Linguística. Atua nos programas de Mestrado e Doutorado em Letras e Linguística e em Educação da UFAL. 

Referências

BEHRING,, E. R.; BOSCHETTI, I. Política social: fundamentos e história. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

BRASIL. Decreto-lei n. 1.190, de 04 de abril de 1939. Dispõe sobre a organização da Faculdade Nacional de Filosofia. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del1190.htm. Acesso em: 20 out.2017.

______. Decreto-lei nº 8.777, de 22 de janeiro de 1946. Dispõe sobre o registro definitivo de professores de ensino secundário no Ministério da Educação e Saúde. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-8777-22-janeiro-1946-416416-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 27 out. 2017.

______. Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968. Fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de novembro de 1968.

______. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º grau e, dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 12 de agosto de 1971.

______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 05 de outubro de 1988.

______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996.

______. Resolução CNE/CEB nº 02, de 26 de junho de 1997. Dispõe sobre os programas especiais de formação pedagógica de docentes para as disciplinas do currículo do ensino fundamental, do ensino médio e da educação profissional em nível médio. Diário Oficial da União, Brasília, 15 de julho de 1997.

______. Parecer CNE/CP n. 09, de 06 de agosto de 2001. Estabelece a duração e carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de janeiro de 2002.

______. Resolução CNE n. 02, de 1º de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de

formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Diário Oficial da União, Brasília, 02 de julho de 2015.

CAVALCANTE, M. S. A. O. Qualidade e cidadania nas reformas da educação brasileira: o simulacro de um discurso modernizador. Maceió: Edufal, 2007.

______. A Análise do discurso e sua interface com o materialismo histórico. In. ZANDWAIS, A. (org.). História das ideias: diálogos entre linguagem, cultura e história. Passo Fundo. Ed.Universidade de Passo, 2012.

_______ Nas tramas do discurso da reforma do ensino médio: acontecimento, ideologia e memória. Conexão Letras, Porto Alegre, v. 13, n. 19, p. 58-67, jan - jun. 2018.

COURTINE, J. J. Analyse du discours politique: le discours comuniste adressé aux chrétiens. Langages, Paris, n. 62, Larousse, 1981.

FERREIRA, E. F. Licenciatura de curta duração: solução emergencial ou definitiva? Sitientibus, Feira de Santana, 2(3): p. 155-163, jul./dez. 1983 (resumo de tese).

GATTI, B. A formação inicial de professores para a Educação Básica: as licenciaturas. Revista USP, São Paulo, n. 100, p. 33-46, dez. 2013-fev. 2014.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Resumo técnico: Censo da educação superior 2014. – Brasília : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2016.

______. Sinopse Estatística da Educação Superior 2016. Brasília: INEP, 2017. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior. Acesso em: 01 nov. 2017.

LOPES, M. H. S.; SOUZA, L. A. “Recrutamento” de professores para o ensino secundário: o Exame de Suficiência. Anais do 3º Encontro Nacional de Pesquisa Em História da Educação Matemática: história da educação e formação de professores. – São Mateus: SBHMat, 2016.

MELO, K. Discurso, consenso e conflito: a (re)significação da profissão docente no Brasil. Maceió: EDUFAL, 2011.

MÉSZÁROS, I. O poder da ideologia. São Paulo: Boitempo, 2004.

______. Estrutura social e formas de consciência: a dialética da estrutura e da história. São Paulo: Boitempo, 2011.

MONTEIRO, A. R. Profissão docente: profissionalidade e autorregulação. São Paulo: Cortez, 2015.

NÓVOA, A. O passado e o presente dos professores. In: ______. (org.). Profissão professor. 2. ed. Porto Editora: 1995, p. 13-34.

OBSERVATÓRIO do Plano Nacional de Educação. Disponível em: http://www.observatoriodopne.org.br/. Acesso em: 01 nov. 2017.

ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 2. ed. Campinas: Pontes,2007.

______. Análise de Discurso. In: ORLANDI, E.; LAGAZZI, S. (org.). Introdução às ciências da linguagem: discurso e textualidade. Campinas-SP: Pontes Editores, 2006. p. 11-32.

PAULANI, L. M. O projeto neoliberal para a sociedade brasileira: sua dinâmica e seus impasses. In: LIMA, J. C. F.; NEVES, L. M. W. (orgs.). Fundamentos da educação escolar

no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.

PAULO NETTO, J.; BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica. 7. ed. São Paulo:Cortez, 2011.

PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 2. ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1995.

______. O discurso: estrutura ou acontecimento. 4. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2006.

______.; FUCHS, C. A propósito da Análise Automática do Discurso: atualização e perspectivas. In: GADET, F.; HAK, T. Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 3.ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1997.

SILVA SOBRINHO, H. F. O sujeito e a processualidade histórico-social. In: ______. Discurso, Velhice e Classes Sociais. Maceió: Edufal, 2007.

SUCUPIRA, N. Sobre o exame de suficiência e formação do professor polivalente para o ciclo ginasial. In: NASCIMENTO, T. R. A criação das licenciaturas curtas no Brasil. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.45, p. 340-346, mar. 2012.

VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

Downloads

Publicado

2019-08-30

Como Citar

MELO, V. ., & AGUIAR DE OLIVEIRA CAVALCANTE, M. D. S. . (2019). “TORNE-SE PROFESSOR E AUMENTE SUA RENDA”: O DISCURSO DE NEGAÇÃO DA DOCÊNCIA COMO PROFISSÃO. Linguagens, Educação E Sociedade, (42), 146–166. https://doi.org/10.26694/les.v0i42.7777

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

<< < 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.