A EDUCAÇÃO SOB ATAQUE: ESCOLA SEM PARTIDO E O CONSERVADORISMO BRASILEIRO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26694/rles.v26i50.2873

Palavras-chave:

Educação; Conservadorismo; Ideologia.

Resumo

O tema deste ensaio é a relação ideologia e educação, e, como objeto concreto de suporte a essa relação, faz-se uma revisão crítica sobre o Movimento Escola Sem Partido (MESP). Criado em 2004 pelo advogado Miguel Urbano Nagib, o MESP é um movimento que foi criado na contracorrente da conjuntura política do país, quando um partido de centro-esquerda havia chegado ao poder executivo. O presente artigo desenvolve a ideia de que, apesar de a liderança tabaréu do MESP despontar como o principal difusor do irracionalismo anti-intelectualista no país, no plano político-ideológico hegemônico sua presença equivale às ações pautadas pelo moralismo cínico dos teólogos-empresários, jornalistas orgânicos e astrólogos-gurus a apresentar, como verdades absolutas, disparates anticientíficos, como o criacionismo e o terraplanismo, nas redes sociais e nas mídias tradicionais. Considera que a influência e penetração ideológica na sociedade de ambos são menores do que a dos conglomerados educacionais financeiros-rentistas como Lemann, Ayrton Senna, Abril, Pitágoras/Kroton/Cogma, dentre outros. Dado todo este quadro, o artigo conclui que, sem condições de promover um avanço civilizatório, tempo que se perdeu em meados dos anos 60, parte significativa do Brasil se entregou à intensificação da precarização em todos os níveis, sendo o MESP uma das gambiarras morais da atualidade contra o que se contrapõe à sua barbárie ética.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Diego Fonseca Dantas, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutor em Educação pela UFF e Mestre em Ciência Política pela UFF. Graduado em Administração pela FCPERJ pela Universidade Candido Mendes. Trabalha há 20 anos no mercado de Telecomunicações; é Especialista em Telecomunicações. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Ontologia Crítica da UFF (GEPOC-UFF) e do Núcleo de Filosofia Política e Educação da UFF (NUFIPE-UFF).

Referências

ARAÚJO, Paulo. Depoimento de Paulo Henrique Furtado de Araújo concedido ao autor em 07/2020.

BENJAMIN, W. Sobre o conceito de história. In: O Anjo da História. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

BOBBIO, N; MATTEUCCI, N; GIANFANCO, G. Dicionário de política. v.1. 13ª ed. Brasília: Editora UNB, 2000.

BRANDÃO, G. M. Linhagens do Pensamento Político Brasileiro. DADOS – Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, v. 48, n. 2, p. 231-269, 2005.

Expressão Nacional, 2017. TV CÂMARA. Você já ouviu falar na Escola sem Partido?, YouTube, 23 de fev. de 2017. Disponível em: <https://youtu.be/233e1REG3oU.>. Acesso em: 25/11/2019.

CHASIN, J. O integralismo de Plínio Salgado. Forma de regressividade no capitalismo hiper-tardio. São Paulo: Ciências Humanas, 1978.

DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2017.

Escola sem partido, 2018. Disponível em: <http://escolasempartido.org/quem-somos>. Acesso em: 20/04/2018.

ESPINOSA, B. R. S.; QUEIROZ, F. B. C. Breve análise sobre as redes do Escola sem Partido. In: FRIGOTTO, G. (Org.) Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2017.

FREITAS, N. A. Escola sem partido como instrumento de falsa formação. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais. Uberlândia. v. 14, Ano XIV n. 1, jan./jul. 2017. Disponível em: . Acesso em: 10/05/2018.

FRIGOTTO, G. A Gênese das teses do Escola sem Partido: esfinge e o ovo de serpente que ameaçam a sociedade e a educação. In: FRIGOTTO, G. (Org.) Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2017.

GINZBURG, Carlo. Medo, reverência, terror: Quatro ensaios de iconografia política. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

GIROTTO, E. Um ponto na rede: o “escola sem partido” no contexto da escola do pensamento único. In: Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação (Org.). A ideologia do movimento Escola Sem Partido: 20 autores desmontam o discurso. São Paulo: Ação Educativa, 2016.

GRAMSCI, A. Os Intelectuais. O princípio educativo. Jornalismo. Cadernos do Cárcere. v. 2. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

___________. Introdução ao estudo da filosofia. A Filosofia de Benedetto Croce. Cadernos do Cárcere: v. 1. 5ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

HOBBES, T. Leviatã ou a Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. 3ª ed. São Paulo: Ícone, 2008.

IANNI, O. Ensaios de Sociologia da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.

JAMESON, F. "Pós-modernismo. A lógica cultural do capitalismo tardio". Tradução de Maria Elisa Cevasco. São Paulo: Ática, 1996.

KOFLER, L.; ABENDROTH, W.; HOLZ, H. H. Conversando com Lukács. Tradução de Giseh Vianna. 1ª ed. São Paulo: Instituto Lukács, 2014.

LUKÁCS, G. História e Consciência de Classe: estudos sobre a dialética marxista. 2ª ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.

LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo, 2013.

MARX, K. O Capital: o processo de produção do capital - Crítica da economia política. v. 1. 27ª ed Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2ª ed. São Paulo: Cortez Editora; Brasília: UNESCO, 2011.

NAGIB, M. Prefácio. In: AMARAL, R. D. S. Socialismo: me conta essa história direito. São Paulo: Baraúna, 2016.

PENNA, F. O Escola sem Partido como chave de leitura do fenômeno educacional. In: FRIGOTTO, G. (Org.) Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2017.

RANCIÈRE, J. O Ódio à democracia. 1ª ed. São Paulo: Boitempo editorial, 2014.

REIS, R. R. Arte e cidade. Considerações críticas sobre arte e valor na sociedade de classes. Kriterion. Revista de Filosofía. v. 56, n. 132, Belo Horizonte/MG: UFMG, 2015, pp.317-333.

SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez & Moraes, 1980.

SOUZA, J. Como o senso comum e a “brasilidade” se tornam ciência conservadora? In: Jessé Souza; colaboradores André Grillo ... [et al.]. Ralé brasileira: quem é e como vive.— Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.

Downloads

Publicado

2022-10-18

Como Citar

Dantas, D. F. . (2022). A EDUCAÇÃO SOB ATAQUE: ESCOLA SEM PARTIDO E O CONSERVADORISMO BRASILEIRO. Linguagens, Educação E Sociedade, 26(50), 07–36. https://doi.org/10.26694/rles.v26i50.2873

Artigos Semelhantes

<< < 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.