A LITERATURA COMO LUGAR DE MEMÓRIA PARA A ESCRITA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

Resumo

O presente artigo tem o objetivo de discutir o modo como os professores se valem de textos literários, memorialísticos e autobiográficos para construir uma memória do trabalho docente. O estudo será feito a partir do caso da professora paulista Botyra Camorim que criou para si um projeto de escritora, após a aposentadoria. Considerando que seus livros de memória, contos e romances tomam como conteúdo as experiências do magistério, eles se constituem em fontes privilegiadas para a escrita de uma História que contemple perspectivas e representações dos sujeitos sociais no cruzamento com experiências coletivas de docência. Ainda que escritos e publicados a partir da década de 1950, a produção traz relatos referentes à primeira metade do século XX, quando se deu a formação e atuação da professora no campo educacional. Por isso, a análise estará centrada nesse período, sem deixar de considerar os contextos de enunciação das obras. A contribuição desta investigação é mostrar como o magistério primário e a escola pública são narrados e representados do ponto de vista de uma professora que assume, em relação à educação paulista, um papel de testemunha e protagonista.