MARACATU COMO FONTE DE ESTUDO DA CULTURA AFROCEARENSE: UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA COM CRIANÇAS E DOCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE FORTALEZA
Palavras-chave:
Pesquisa, Escola, MaracatuResumo
Este trabalho propõe publicizar uma experiência de pesquisa em que, fazendo uso de literatura de base africana e afrodescendente, busquei verificar até que ponto esse referencial literário contribuiria para que estudantes e docentes produzissem novos conceitos sobre o ser negro. Exponho, aqui, uma das vivências dessa pesquisa na qual utilizei imagens do Auto-do-Maracatu para conhecer que saberes estudantes e docentes tinham acerca dessa manifestação cultural cearense de origem africana. Trata-se de uma pesquisa ante/ pós facto onde, na fase ante facto (observação participante), diagnostiquei as visões quanto a questões raciais, práticas racistas e de cunho preconceituoso entre os/as alunos/as. Já as docentes revelaram dificuldades em diferenciar manifestações racistas de simples brincadeiras infantis e não souberam lidar com conflitos étnico-raciais. Na fase facto, as professoras aproximaram-se dessa literatura primeiramente por meio de imagens do Maracatu e admitiram desconhecerem tal manifestação cultural, reconhecendo suas fragilidades conceituais de formação e passaram a resistir em participar do momento das intervenções junto às crianças, temendo passar informações preconceituosas e erradas sobre os povos africanos e seus descendentes. Por outro lado, os/as alunos/as também evidenciaram desconhecer o Maracatu, mas mostraram-se interessados em aproximar-se desses conteúdos e buscaram questionar aquilo que não entendiam e participaram das atividades propostas. Por fim, na fase pós facto, foi possível verificar que o uso de imagens do Maracatu, enquanto literatura africana e afrodescendente, contribuiu para que os/as estudantes e docentes produzissem conceitos positivados sobre o ser negro.
Downloads
Referências
ANDRADE, Inaldete P. de. Racismo e anti-racismo na literatura infanto-juvenil. Recife: Etnia, 2001.
BAREMBLITT, Gregório. Apresentação do Movimento Institucionalista. Revista Saúde Loucura, São Paulo, n. 02, p.109-119, 1989.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais, para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília-DF: MEC. 2004
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/ SEF, 1997. 10 vs.
CASTRO, Silvia Regina Lorenso. Literatura negra sob a perspectiva semiótica: o dito e o não dito. Revista Semiótica, USP, 2006.
CARENO, Mary Francisca do. A Lei 10.639/03: a diversidade cultural e racial e as práticas escolas. Disponível em: <http://www.gruhbas.com.br/arquivos/publicacao/bolando_aula_2004>. Acesso em 05 de jul. de 2008.
CAVALLEIRO, Eliane. Discriminação racial e pluralismo nas escolas públicas da cidade de São Paulo. In: SECAD/MEC. (Org.). Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal n. 10.639/03. Ministério da Educação/SECAD, 2005.
COIMBRA, C. M. B. Os caminhos de Lapassade e da Análise Institucional: uma empresa possível? Revista do Depto. de Psicologia da UFF, Niterói, n. 1, 1995.
D’AMORIN, Eduardo. África: essa mãe quase desconhecida. São Paulo: FTD, 1997.
DE TONI, Magda Simone. A trajetória e a importância da imagem na educação. Disponível em: <http://www.pmcg.ms.gov.br/SEMED>. Acesso em: abril de 2008.
FAZZI, Rita de Cássia. O drama racial de crianças brasileiras. Belo Horizonte: Autêntica,2004.
______. Preconceito racial na infância. 2000. Tese (Doutorado em Sociologia). Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, 2000.
GOMES, Nilma Lino; SILVA, Florentina. Identidades e corporeidade negras. Reflexões sobre uma experiência de professores (as) para a diversidade étnico-racial. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
CUNHA JÚNIOR, Henrique. Os Negros não se Deixaram Escravizar: temas para as aulas de história dos afrodescendentes. Revista Eletrônica Espaço Acadêmico, v. 69, p. 1-10, 2007.
______. Pesquisas educacionais em temas de interesse dos afrodescendentes. In: LIMA, Ivan Costa e (Org.). Os negros e a escola brasileira. Florianópolis, n. 06, Núcleo de Estudos Negros (NEN), 1999.
LIMA, Heloisa Pires. Personagens negros: um breve perfil na literatura infanto-juvenil. In: MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o racismo na escola. Brasília: MEC,
ECAD, 2005.
LIMA, Renato. Chico Rei. São Paulo: Paulus, 2006.
LOPES, Vera Neusa. Racismo, preconceito e discriminação. In: MUNANGA, Kabengele (Org.).Superando o racismo na escola. Brasília: MEC/SECAD, 2005.
LOURAU, R. Uma apresentação da Análise Institucional. In: ALTOÉ, S. (Org.) René Lourau: analista institucional em tempo integral. São Paulo: Hucitec, 2004.
MACHADO, Vanda. Mitos afro-brasileiros e vivências educacionais. Disponível em: . Acesso em: 1º out. 2008.
MUNANGA, Kabengele. Superando o racismo na escola. 3. ed. Brasília: MEC/Secretaria de Ensino Fundamental, 2001.
NETO, O. C. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO, M. C. de S. (Org.). Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
RIBEIRO, Ronilda. Ação educacional na construção do novo imaginário infantil sobre a África. In: MUNANGA, Kabenguele (Org.). Estratégias e políticas de combate à discriminação racial. São Paulo: Ed. USP, 1996.
PETIT, Sandra Haydée. Dos frutos Paralelos de uma Pesquisa. Revista do Departamento de Psicologia – UFF, Rio de Janeiro, v. 13, n. 01, p. 125-144, 2001.
PETIT, Sandra Haydée; SILVA, Geranilde Costa e. Cosmovisão africana e anti-racismo na escola: achados preliminares de duas pesquisas ante/pós facto. In: Anais IC Colóquio Luso-Brasileiro sobre questões curriculares. Florianópolis: Santa Catarina, 2008.
SANTOS, Isabel A. A responsabilidade da escola na eliminação do preconceito racial: alguns caminhos. In: CAVALLEIRO, Eliane, (Org.). Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal n. 10.639/03. Ministério da Educação/SECAD, 2005.
SANTOS, Erisvaldo P. dos. A educação e as religiões de matriz africana: motivos da intolerância. In: 28A REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 2005, Caxambu. Anais... Rio de janeiro: ANPED, 2005.
SILVA, Ana Célia. A desconstrução da discriminação no livro didático. In: MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o racismo na escola. Brasília: MEC/SECAD, 2005.
SILVA, Geranilde Costa e. O Uso da literatura de base africana e afro-descendente junto a crianças das escolas públicas de Fortaleza: construindo novos caminhos para repensar o ser negro. In: V Semana de Humanidades da UFC, Fortaleza, 2008. 1 CD-ROW.
SILVA, Nelson Fernando Inocêncio da. Africanidade e Religiosidade: uma possibilidade de abordagem sobre as sagradas matrizes africanas na escola. In: CAVALLEIRO, Eliane. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº. 10.639/03. Brasília: Ministério da Educação/ SECAD, 2005.
SOUSA, Andréia Lisboa. Personagens negros na literatura infanto-juvenil: rompendo estereótipos. In: CAVALLEIRO, Eliane (Org.). Racismo e anti-racismo na educação: repensando a escola. São Paulo: Summus, 2001.
SOUSA, F. M. do N. Linguagens escolares e reprodução de preconceito. In: CAVALLEIRO, Eliane,(Org.). Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal nº. 10.639/03. Ministério da Educação/SECAD, 2005.
THIOLLENT, Michel J. M. Crítica metodológica, investigação social e enquête operária. 3. ed. São Paulo: Polis, 1982