A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE OPERÁRIA A PARTIR DAS POLÍTICAS CURRICULARES DOS ANOS DE 1970 NA ANTIGA ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DA BAHIA
Palavras-chave:
Identidade operária, Políticas curriculares, História, Anos de 1970Resumo
O artigo trata de parte significativa da história da Educação Profissional no Brasil, num período de intensas transformações nas políticas curriculares para essa modalidade de ensino, como forma de atender aos objetivos desenvolvimentistas do período militar. Com foco na construção das identidades operárias a partir das políticas curriculares geradas pela LDB 7.692/71 e as intenções e metas a serem realizados face às condições históricas após o regime de 1964, procura-se recuperar parte da memória educacional daquele período. Para isso, apresentam-se recortes de pesquisa realizada mediante entrevistas com antigos professores e corpo administrativo, bem como análises de documentos da época. Procurou-se compreender e explicar o papel político-ideológico desempenhado pela então chamada Escola Técnica Federal da Bahia (atual IFBA), que, sob intervenção federal após o golpe de 1964, agiu em estreita colaboração com as empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari para formar técnicos de nível médio para as empresas em processo de instalação naquele complexo industrial. A participação da Escola no cumprindo às exigências de técnicos mais bem preparados, a intensificação do trabalho operário e a rigidez disciplinar a que estes seriam submetidos nessa nova fase do desenvolvimento industrial da Bahia e do Brasil, se não destruíram, pelo menos recolocaram em outros termos os interesses dos trabalhadores e do grande capital que, nos anos de 1970 aportava no país com maior intensidade.
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