A AVALIAÇÃO DO ALUNO SURDO EM CLASSE INCLUSIVA NA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DISTRITO FEDERAL

Autores

  • FRANCISCA BONFIM DE MATOS RODRIGUES Universidade de Brasília
  • LARISSA PEREIRA GONÇALVES Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

DOI:

https://doi.org/10.26694/les.v1i37.7582

Palavras-chave:

Surdez, Inclusão do aluno surdo, Avaliação escolar

Resumo

O artigo tem como objetivo caracterizar a avaliação do aluno surdo em fase de escolarização, matriculado em classe inclusiva no Ensino Fundamental. Para compreender a avaliação do aluno surdo dentro do contexto de inclusão, o estudo buscou realizar um breve histórico das abordagens pedagógicas realizadas nessa especificidade, bem como aspectos relevantes sobre as teorias da linguagem que se constituem como recurso importante para a participação e o exercício da cidadania. Diante da complexidade que permeia o ato educativo, a avaliação representa um processo contínuo e sistemático com vistas à melhor organização do trabalho pedagógico voltado para a especificidade do aluno surdo, especialmente, por revelar novos níveis de aprendizagem e desenvolvimento desse estudante. O caminho metodológico baseou-se na pesquisa qualitativa e o método utilizado foi o estudo de caso. Participaram desse estudo onze profissionais de uma escola pública da Secretaria de Estado de Educação do DF, um coordenador pedagógico, quatro professores intérpretes e seis regentes. Foram analisadas questões referentes à organização do trabalho pedagógico dos profissionais, aos critérios e parâmetros utilizados por eles na avaliação dos alunos surdos. Foram utilizados os seguintes instrumentos: análise documental, observação e entrevista semiestruturada. Como resultado essencial, foi constatado que a avaliação do aluno surdo diferencia-se a depender do perfil da turma em que está inserido. Nas classes ditas bilíngues, não há interação entre os professores intérpretes e regentes, ficando a avaliação sob total responsabilidade do professor intérprete. As crianças surdas não são priorizadas no planejamento diário dos professores regentes, que delegam esse compromisso ao professor intérprete. As turmas, nas quais não há presença do intérprete, o professor regente, com formação em LIBRAS, realiza o atendimento do aluno surdo e o integra à organização pedagógica do cotidiano de sala de aula. Foi evidenciada uma baixa expectativa dos docentes sobre as potencialidades dos alunos surdos, refletindo na qualidade do ensino oferecido e no processo de avaliação.

Downloads

Biografia do Autor

FRANCISCA BONFIM DE MATOS RODRIGUES, Universidade de Brasília

Mestra em Educação, graduada em Letras e Pedagogia pela Universidade de Brasília. Professora formadora da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, atuando na docência e orientação de trabalhos no curso de 1ª licenciatura em Pedagogia/PARFOR.

LARISSA PEREIRA GONÇALVES, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

Especialista em Ensino de Português como segunda Língua para estudantes surdos e/ou com deficiência aditiva pelo Instituto de Letras, Departamento de Linguística da Universidade de Brasília. Graduada do curso de 1ª Licenciatura em Pedagogia/PARFOR, intérprete de Libras. Professora da Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Bacharel em Fonoaudiologia pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal. 

Referências

BRASÍLIA. (2004). SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima ... [et al.]. Ensino de Língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. MEC, SEESP. Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos; v. 1.

________. (2006). Educação Infantil Saberes e Práticas da Inclusão: Surdez. Secretaria de Educação Especial. Ministério da Educação. Brasília. 2006.

________. (2014). Estratégia de Matrícula Rede Pública de Ensino do Distrito Federal 2015. Portaria nº 244, de 19 de novembro de 2014. Secretaria de Educação do Distrito Federal. Brasília. 2014.

__________ 1*. (2014). Diretrizes de avaliação educacional: aprendizagem, institucional e em larga escala. 2014-106. Secretaria de Educação do Distrito Federal. Brasília. 2014.

BUENO, José Geraldo Silveira. A Educação do Deficiente Auditivo no Brasil: Situação Atual e Perspectivas. In.: BRASIL (1994). Tendências e Desafios da Educação Especial. Série: Atualidades Pedagógicas. Secretaria de Educação Especial. Ministério da Educação. 1994.

CHOMSKY, Noam. Reflexões sobre a linguagem. São Paulo: Cultrix, 1980.

DALCIN, Gladis. Um estranho no ninho: um estudo psicanalítico sobre a constituição da subjetividade do sujeito surdo. In.: QUADROS, Ronice Müller de. Estudos surdos I. Petrópolis:Arara Azul, 2006.

FERNADES, Eulalia. Teorias de Aquisição da Linguagem. In.: GOLDFELD, Marcia. Fundamentos em Fonoaudiologia Linguagem. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan. 2003.

GOLDFELD, Marcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. São Paulo, Plexus. 2002.

________________. Surdez. In.: GOLDFELD, Marcia. Fundamentos em Fonoaudiologia Linguagem. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan. 2003.

HUNGRIA, Hélio. Manual de Otorrinolaringologia. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan. 2000.

LACERDA, Cristina B.; LODI, Ana Claudia. O desenvolvimento do narrar em crianças surdas: o contexto de grupo e a importância da língua de sinais. Temas desenvolvimentais, v. 15, n. 85/86,p. 45-53, 2006.

LACERDA, Cristina B. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Cad. Cedes, v. 26, n. 69, p. 163-184, 2006. Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br> acesso em 16 de maio de 2016.

LIMA, Marisa Dias. Um estudo sobre a aquisição de ordem e concordância no português escrito por surdos. Dissertação de Mestrado. Instituto de Letras. Universidade de Brasília, 2011.

LODI, Ana Cláudia Balieiro. A leitura como espaço discursivo de construção de sentidos: oficina com surdos. Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2004.

LÜDKE, M., ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U., 1986.

LYONS, John. Linguagem e linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 1987.

MESERLIAN, Kátia Tavares; VITALIANO, Célia Regina. Análise sobre a trajetória histórica da educação dos surdos. Anais do IX Congresso Nacional de Educação (Educere) e III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. Paraná, 2009.

MACHADO, Paulo César. Integração/Inclusão na escola regular: um olhar do egresso surdo. In.: QUADROS, Ronice de Müller (Org.). Estudos Surdos I. Série Pesquisas. p. 38-75. Rio de Janeiro: Arara Azul, 2006.

QUADROS, Ronice Müller de. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

________________________. Situando as diferenças implicadas na educação de surdos: inclusão/exclusão. Ponto de Vista, nº 05. Florianópolis. 2003.

________________________ . O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos – Brasília: MEC; SEESP, 2004.

________________________. Ideias para ensinar português para alunos surdos. Brasília: MEC, SEESP, 2006.

RAZUCK, Renata Cardoso de Sá Ribeiro. A Pessoa Surda e Suas Possibilidades no Processo de Aprendizagem e Escolarização. Universidade de Brasília. Brasília. 2011.

SACKS, Oliver. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo, Companhia das Letras. 2010.

SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima; NAVES, Rozana Reigota. Estudos gerativos: fundamentos teóricos de aquisição de L1 e L2. In.: SALLES, Heloisa Moreira Lima; NAVES, Rozana Reigota. Estudos gerativos de língua de sinais brasileira e de aquisição de português (L2) por surdos. Goiânia: Cânone Editorial, 2010.

SILVA, Danilo da; FERNANDES, Sueli; NASCIMENTO, Ana Carolina e Silva Goyos. O decreto 5526/2005 e as diretrizes para a inclusão social dos surdos. Secretaria Municipal de Educação de Pinhais. Anais do Seminário Internacional de Pinhais. Paraná. 2015. Disponível em: http://www.pinhais.pr.gov.br/aprefeitura/secretariaseorgaos/educacao/seminario/FreeComponent353content10335.shtml > Acesso em 04 jun. 2016.

SOUZA, Silvani de. Educação de surdos: a construção da identidade e a apropriação cultural no ambiente da escola polo (inclusiva) da rede estadual de Santa Catarina. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 2011. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/95165/293185.pdf?sequence=1> Acesso em 08 jun. 2016.

STROBEL, Karin Lilian. A visão histórica da in(ex)clusão dos surdos nas escolas. ETD: Educaçao Temática Digital, Vol. 7, Nº. 2, 2006. Disponível em: http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4856345. Acesso em 10 jul. 2016.

TUXI, Patrícia. A atuação do intérprete educacional no ensino fundamental. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação. Universidade de Brasília, 2009.

Downloads

Publicado

2017-10-29

Como Citar

DE MATOS RODRIGUES, F. B. ., & PEREIRA GONÇALVES, L. . (2017). A AVALIAÇÃO DO ALUNO SURDO EM CLASSE INCLUSIVA NA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DISTRITO FEDERAL. Linguagens, Educação E Sociedade, (37), 172–189. https://doi.org/10.26694/les.v1i37.7582

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

<< < 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.