SEMENTES PARA O ENSINO SUPERIOR NA PERSPECTIVA DOS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS. ISIA COMO PROPOSTA EDUCATIVA PLANTADA EM TERRA FIRME

Resumo

O artigo analisa como, no contexto da violência enfrentada pelos povos e comunidades indígenas ‒a partir da metáfora da mäj käm(terra firme)‒ o Instituto Superior Intercultural Ayuuk (ISIA), é construído como uma proposta educacional que busca transformar não apenas a cobertura educacional para o juventude indígena, também promove processos de construção e, portanto, sementes, de horizontes de futuros pacíficos, justos e sustentáveis nos diferentes municípios e comunidades de onde provêm os jovens (UNESCO, 2021). Além disso, compartilhar essas sementes pode contribuir para o possibilidades de reimaginar futuros possíveis, para todos nós, trabalhando juntos e reconhecendo que somos diversos e interdependentes em um mundo compartilhado. São apresentados dois dos pontos nodais da proposta educacional do ISIA, a partir da reflexão da prática político-pedagógica. Uma delas é a dimensão linguística-cultural, abordada a partir do a Casa das Línguas, Arte e Cultura. A outra é a pesquisa/ação/abordagem participativa, que é realizada nas comunidades indígenas por meio do Seminário de Graduação. Ambas as dimensões fazem parte de um modelo educacional que busca renovar a educação, e onde já encontramos os princípios e a lógica que buscam estabelecer um novo contrato social e uma vida digna para todos (UNESCO, 2021). A aproximação destas duas dimensões na proposta educativa do ISIA, permite-nos construir desde já, a partir da escuta das pessoas e dos seus saberes, e da esperança, sementes para responder à atual crise sistémica. O artigo é escrito a partir da abordagem teórico-metodológica de pesquisa/ação, a partir da qual se refletem as práticas em relação à questão de pesquisa: como fazer uma educação que sirva as pessoas e gere conhecimento, contribuindo para o enfrentamento das crises presentes e futuras?