A ESCOLA COMO PALCO DOS ENCONTROS E DESENCONTROS DAS DIVERSIDA- DES CULTURAIS
Palavras-chave:
Saber local, Saber formal, Currículo cultural, Identidade, Educação ambientalResumo
As áreas reservadas à preservação do ambiente natural transformaram-se em um campo social onde se encontram e se embatem dois repertórios de saberes sobre a forma de se relacionar com a natureza: um é o saber tradicional tecido pelas experiências do cotidiano e mantido pelas práticas da comunidade nativa, e o outro, o saber formal criado, mantido e regido pelas escolas, organizado nos currículos da educação ambiental. Ampara-se, este estudo, na teoria do campo social de Bourdieu (1989), que oferece uma perspectiva teórica para a compreensão das relações de poder que se delineiam na sociedade, cujos espaços são hierarquicamente construídos e ocupados de acordo com o acúmulo de capitais culturais; na teorização dos Estudos Culturais (EC), principalmente, em Stuart Hall, Peter McLaren e Henri Giroux, que constroem conceitos para uma educação dirigida às pessoas comuns a fim de que possam ter seus saberes valorizados e seus interesses contemplados; com esse propósito utilizamos as ferramentas da etnografia, tais como: a observação sistemática, entrevistas diretas e o diário de campo. Assim, busca-se analisar as consequências do encontro entre esses saberes na formação da identidade dos alunos do ensino fundamental das escolas rurais das comunidades do entorno do Parque Nacional Serra da Capivara, no sudeste do Piauí, a fim de apreender os processos de construção da identidade social, incentivados pela escola e pelo cotidiano da comunidade. Uma vez que, neste contexto, torna-se inevitável a influência de todos esses “saberes” no processo de construção de um currículo cultural e na formação de identidade dos alunos das escolas das comunidades observadas. Como resultado desta investigação, foram observados altos índices de reprovação e evasão escolar que podem ser interpretados como uma reação dos alunos na luta pela manutenção da identidade, já que a escola com o seu saber formal nega as experiências do cotidiano da comunidade no que diz respeito às formas de se relacionar com a natureza.
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Referências
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