EDUCAÇÂO ANTIRRACISTA E POSSIBILIDADES DE FISSURA À BRANQUITUDE: REFLEXÕES A PARTIR DO CURRÍCULO DA EDUCAFRO
DOI:
https://doi.org/10.26694/rles.v26i52.3007Palavras-chave:
Currículo; Relações Étnico-raciais, branquitude.Resumo
Este trabalho é fruto de pesquisa de mestrado em diálogo com estudos realizados em processo de doutoramento. O objetivo do artigo é refletir sobre o currículo de um pré-vestibular popular do movimento negro, a EDUCAFRO, pensando possibilidades de fissura à branquitude. Essa organização visa o acesso de negros(as) e pobres ao Ensino Superior e tem, como uma de suas principais agendas, a luta contra o racismo. Aponto, a partir da pesquisa, que saberes produzidos e sistematizados pelo movimento negro e afetos antirracistas presentes nesse currículo trazem possibilidades de reeducação para as relações raciais de estudantes e voluntários(as) brancos(as). Indico ainda que possibilidades de fissura à branquitude podem ser produzidas neste e em outros espaços onde se façam presentes esses saberes e afetos a partir da agência de sujeitos comprometidos com educação antirracista. A pesquisa foi desenvolvida em processo de mestrado e foram utilizadas como metodologias a história oral, a observação participante e a análise documental. O trabalho traz como referências autores e autoras do campo do currículo e do campo das relações raciais, incluindo os estudos críticos da branquitude.
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