A EDUCAÇÃO BRASILEIRA SITIADA: AS REFORMAS NEOLIBERAIS E SEUS OBJETIVOS PARA A FORMAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA
DOI:
https://doi.org/10.26694/rles.v28i58.5479Palavras-chave:
Educação, Aparelhos Privados de Hegemonia, Base Nacional Comum Curricular, reformas neoliberaisResumo
O presente traz uma análise sobre a influência dos aparelhos privados de hegemonia na elaboração, disseminação e implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e políticas a ela vinculadas. Partindo da análise referenciada no materialismo histórico e dialético, revisamos estudos produzidos por diferentes grupos de pesquisa, entre outros coletivos, sistematizando o conhecimento acumulado, buscando desenvolver sínteses explicativas que nos ajudem a entender e enfrentar o projeto de sociedade dos representantes do capital que entendem a educação como mercadoria. Na lógica empresarial, o sucesso não seria uma formação sustentada no conhecimento histórico emancipador, mas o “bom” desempenho nos testes padronizados. Essa redução da função da escola é, de certo modo, tranquilizadora para a classe burguesa, que encontra, cada vez menos conflitos para instalarem suas ideias e seguirem ocupando o lugar de privilégio que historicamente lhes foi assegurado. Essa concepção de sociedade e de educação, defendida por agências financeiras e organismos multilaterais, é disseminada por setores da classe dominante através de fundações e institutos, travando uma disputa na sociedade para estabelecer um consenso em torno dessa perspectiva ideológica no campo econômico e nas políticas públicas. Provisoriamente, os estudos que aqui apresentamos, indicam uma trajetória da BNCC como base do currículo e das demais políticas educacionais, colocando o Plano Nacional de Educação como simples coadjuvante.
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