AGUDÍSSIMO: MAQUIAVEL EM ESPINOSA

Authors

  • Luiz Carlos Montans Braga UEFS

DOI:

https://doi.org/10.26694/.v10i21.8954

Keywords:

Maquiavel, Espinosa, Política, interseções conceituais

Abstract

No Tratado político, Espinosa, ao primeiro movimento do texto, faz dura crítica àqueles que criaram utopias ao tratarem da política. Tais filósofos, afirma, por tomarem os homens não pelo que são, mas pelo que gostariam que fossem, conceberam uma forma de política que nunca pôde ser posta em aplicação. Tese muito próxima à de Maquiavel, presente em O Príncipe, segundo a qual, para escrever coisa útil neste campo, deve-se ir direto alla verità effettuale della cosa che alla immaginazione di essa. Não casualmente, portanto, no Capítulo V do Tratado político, último parágrafo, Espinosa usa os termos ‘agudíssimo’ e ‘prudentíssimo’ ao se referir ao florentino. Há mais Maquiavel em Espinosa para além das citações elogiosas? O artigo procurará tratar desta questão ao mostrar alguns traços comuns às respectivas filosofias políticas. Ao que indicam as fontes primárias e alguns comentadores, Espinosa teria se apropriado, e reconceitualizado, à sua maneira, teses-chave do florentino para escrever suas obras, em particular o Tratado político.

References

ALTHUSSER, Louis. "Le courant souterrain du matérialisme de la rencontre". In: ALTHUSSER, L. Écrits philosophiques et politiques. Tome I. Paris : STOCK/IMEC, 1994, pp. 539-579.

ANSALDI, Saverio. "Conflit, démocratie et multitude: l'enjeu Spinoza-Machiavel". In: Multitudes. Paris: n. 27/4, 2006, pp. 217-225. https://www.cairn.info/revue-multitudes-2006-4-p-217.htm. Acesso em 12 JAN 2018 [2006].

AURÉLIO, Diogo Pires. Imaginação e Poder: Estudo sobre a Filosofia Política de Espinosa. Lisboa: edições Colibri, 2000.

BOVE, Laurent. "Introduction". In: SPINOZA. Traité Politique. Trad. d’Émile Saisset. Révisée par Laurent Bove. Int. e notes par Laurent Bove. Paris: Librairie Général Française, 2002, pp. 09-10.

BOVE, Laurent. "Entrevista com Laurent Bove". Entrevista, trad. e notas de Leon Farhi Neto e Monique Farhi. In: Cadernos Espinosanos. São Paulo: n. 33, jul/dez 2015, pp. 223-246.

ESPINOSA. Spinoza Opera. Ed. de Carl Gebhardt. Heidelberg: Carl Winter, 4 vols, 1972 [1ª ed. 1925].

ESPINOSA. Correspondencia. Introducción, traducción, notas e índices de Atilano Domínguez. Madrid: Aliança editorial, 1988.

ESPINOSA. Tratado Teológico-político. Tradução, introdução e notas de Diogo Pires Aurélio. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

ESPINOSA. Tratado político. Tradução, introdução e notas de Diogo Pires Aurélio. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

ESPINOSA. Ética. Tradução do Grupo de Estudos Espinosanos, da FFLCH USP. São Paulo: ed. EDUSP, 2015.

GREENBLATT, Stephen. A Virada: o nascimento do mundo moderno. Tradução Caetano W. Galindo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

HOBBES. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado Eclesiástico e Civil. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva (Coleção Os Pensadores). São Paulo: Abril Cultural, 1997.

KLEVER, Wim. Imperium aeternum: Spinoza`s critique of Machiavelli and its source in Van Den Enden. http://www.fogliospinoziano.it/articolispinoza/IMPERIUM%20AETERNUM.PDF. Acesso em 28 ABR 2017.

KLEVER, Wim. A teoria política radical de Van den Enden por trás da teoria política de Spinoza. Traduzido do inglês por Nastassja Pugliese. In: BECKER, R.C; FRAGOSO, E.A.R.; GUIMARAENS, F.; ITOKAZU, E.M.; ROCHA, M. (orgs.). Spinoza e Nós. Vol. 2 - Spinoza Atual/Inatual. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2017a, pp. 334-367.

LAZZERI, Christian. Droit, pouvoir et liberté: Spinoza critique de Hobbes. Paris: PUF, 1998.

MACHIAVELLI. Tutte le Opere. A cura de Mario Martelli. Firenze: Sansoni Editori, 1971.

MAQUIAVEL. História de Florença. 2ª edição. Tradução, apresentação e notas de Nelson Canabarro. São Paulo, ed. Musa, 1998.

MAQUIAVEL. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. Revisão técnica de Patrícia Fontoura Aranovich. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

MAQUIAVEL. O Príncipe. Edição bilíngue. Tradução de José Antônio Martins. São Paulo: ed. Hedra, 2011.

MAQUIAVEL. O Príncipe. Edição bilíngue. Tradução, introdução e notas de Diogo Pires Aurélio. São Paulo: ed. 34, 2017.

MATHERON, Alexandre. Individu et communauté chez Spinoza. Paris: Les Éditions de Minuit, 1988.

MONTANS BRAGA, Luiz Carlos. Trama afetiva da política: uma leitura da filosofia de Espinosa. Curitiba: ed. Prismas, 2016.

MONTANS BRAGA, Luiz Carlos. A política e os afetos: a concepção espinosana. In: Revista Direito e Práxis. Rio de Janeiro: Vol. 08, n. 03, 2017, pp. 2010-2042. http://www.scielo.br/pdf/rdp/v8n3/2179-8966-rdp-8-3-2010.pdf. Acesso em 11 FEV 2018 [2017].

MORFINO, Vittorio. Le Temps et l'Occasion: la rencontre Spinoza-Machiavel. Tradução de Lucile Langlois e Maxime Giglio. Paris: Garnier, 2012.

VALVERDE, Antonio José Romera. "Maquiavel e a origem política dos conceitos políticos modernos". In: Aurora: revista de arte, mídia e política. São Paulo: V. 6, n. 18, 2014, pp. 85-89.

Published

2020-01-24

How to Cite

MONTANS BRAGA, Luiz Carlos. AGUDÍSSIMO: MAQUIAVEL EM ESPINOSA. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 10, n. 21, p. 67–78, 2020. DOI: 10.26694/.v10i21.8954. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3492. Acesso em: 3 jul. 2024.

Similar Articles

<< < 4 5 6 7 8 9 10 11 12 > >> 

You may also start an advanced similarity search for this article.