DEPENDÊNCIA E RESISTÊNCIA: ONDE A DESILUSÃO SE TRANSFORMA EM LOUCURA

Conteúdo do artigo principal

Daniel Cardozo Severo

Resumo

O presente trabalho pretende apresentar mais uma das faces destrutivas (pulsão de morte) que vivemos na pandemia. Além do negacionismo, que estabelece uma relação específica com o conhecimento (ou vínculo ou elo do conhecimento, K) pautado na arrogância, leituras grupais ampliam essa visão. Elas nos permitem perceber outros vínculos importantes e o modo como determinadas lideranças chegam ao poder devido à conexão que estabelecem com os indivíduos – ou seus eleitores. Bion (1961/1975) nos instrumentaliza a essa leitura com suas experiências grupais. Logo, a presente apresentação utiliza o conceito de suposições básicas propostas pelo psicanalista, em específico a de dependência, para evidenciar como essas conexões se estabelecem e o modo como lideranças surgem a partir dessa suposição básica. O modo como intencionalmente indivíduos (ou agentes políticos) desestruturam as relações entre os membros de um grupo (ou comunidade) e a carência (material e emocional) que esses membros vivem, devido ao caos causado pela desestruturação grupal, são as bases da ascensão desses líderes. A conclusão a que se chega é que quanto maior o grau de dependência desses membros, maior a loucura ou a insanidade de seu líder, devido à resistência às desilusões, perdas e lutos inerentes a percepção realística desses elementos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Daniel Cardozo Severo. (2022). DEPENDÊNCIA E RESISTÊNCIA:: ONDE A DESILUSÃO SE TRANSFORMA EM LOUCURA. Cadernos Do PET Filosofia, 13(26), 69-78. https://doi.org/10.26694/cadpetfilo.v13i26.3859
Seção
DOSSIÊ

Referências

AFFONSO, Claudinei; PERON, Paula; CARVALHO, Regina Célia Cavalcantti. Sujeitos da psicanálise: Freud, Ferenczi, Klein, Lacan e Bion: diálogos teóricos e clínicos. São Paulo: Escuta, 2018.

BION, Wilfred Ruprecht. “Theory of Thinking”. In: Second Thoughts. London: H. Karnac, 1957/1993.

BION, Wilfred Ruprecht. Experiência com grupos: os fundamentos da psicoterapia de grupo. Rio de Janeiro: Imago; São Paulo: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1961/1975.

BION, Wilfred Ruprecht. Learning From Experience. London: H. Karnac, 1962/1989.

BION, Wilfred Ruprecht. Elementos de psicanálise. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1963/2004.

DUDLEY, Will; ENGELHARD, Kristina. Immanuel Kant: conceitos fundamentais. Petrópolis – RJ: Vozes, 2020.

FIGUEIREDO, Luís Cláudio; GERBER, Ignácio. Por que Bion? 1. ed. São Paulo: Zagadoni, 2018.

FREUD, Sigmund. As pulsões e seus destinos: edição bilíngue. tradução de Pedro Heliodoro Tavares. São Paulo: Autêntica, 1915/2013.

FREUD, Sigmund. “Psicologia das massas e a análise do Eu”. In: O mal-estar na cultura e outros escritos de cultura, sociedade, religião. Belo Horizonte: Autêntica editora, 1921/2020.

GUYER, Paul. Kant. São Paulo: Editora Ideias & Letras, 2021.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 1787/2015.

KLEIN, Melanie. “A importância da formação de símbolos no desenvolvimento do ego”. In: Amor, culpa e reparação e outros trabalhos (1921-1945). Volume I das obras completas de Melanie Klein. Rio de Janeiro: Imago, 1930/1996.

KLEIN, Melanie. “Algumas conclusões teóricas relativas à vida emocional do bebê”. In: Inveja e gratidão e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 1952/1991.

LÉVY, François. A psicanálise com Wilfred R. Bion. São Paulo: Blucher; 2021.

SANDLER, Paulo César. A Linguagem de Bion: Um dicionário enciclopédico de conceitos. São Paulo: Blucher, 2021.

SEVERO, Daniel Cardozo. “Pulsão de morte e resistência, onde o orgulho se transforma em arrogância”. In: Natureza humana, São Paulo, v. 22, n. 2, dez. 2020, p. 147-153.

ZIMERMAN, David E. Bion da teoria à prática: uma leitura didática. Porto Alegre: Artmed, 2011.