A masculinidade e o amor como construção social: a busca por relacionamentos saudáveis no grupo “Lugar de Escuta”
DOI:
https://doi.org/10.26694/rer.v6i1.14355Keywords:
Masculinidade, Amor, Construção social dos afetosAbstract
O ensaio busca explorar o cruzamento entre a ideia de masculinidade e a ideia de amor enquanto construções sociais. Enquanto a masculinidade se coloca como uma extrapolação dos gêneros biofísicos, avançando para categorizações socialmente construídas e dissimuladamente inculcadas, capazes de definir o destino social dos indivíduos, o amor se apresenta como uma forma de relação afetiva composta por códigos e normas culturais (JARDIM 2017; 2019; 2020; 2021), naturalizados, sobretudo, no amor romântico, suposto desejo, direito e destino de todos. Nosso campo empírico capaz de demonstrar o cruzamento dessas duas categorias é o grupo terapêutico "Lugar de Escuta", local onde homens buscam, através do diálogo, construir uma masculinidade saudável, momento em que a masculinidade e o amor se tornam temas centrais. Tem como inspiração teórica a sociologia reflexiva de Pierre Bourdieu (1998; 2002; 2011) e as teorias sobre o amor (LUHMANN, 1991; GIDDENS, 1993; BAUMAN, 2004; ILLOUZ, 2011; BECK; BECK, 2017, JARDIM, 2019).
References
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.
BEAUVOIR, S. O Segundo sexo: fatos e mitos. Tradução de Sérgio Milliet. 4 ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1980.
BECK, Ulrich; BECK-GERNSHEIM, Elisabeth. O caos normal do amor: novas formas de relacionamento. Barcelona: Paidós, 2001.
BOTTON, F.B. As Masculinidades em questão: uma perspectiva de construção teórica. Revista Vernáculo, n. 19 e 20, 2007.
BOURDIEU, Pierre. A Distinção: Crítica social do julgamento. 2o. ed. Zouk, 2011.
BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática: Precedido de Três Estudos de Etnologia Cabila. 1ª ed. Celta, 2002.
BOURDIEU. P. A dominação masculina, 1998.
CONNELL, Robert W; MESSERSCHMIDT, James W.. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Revista Estudos Feministas [online], v. 21, n. 1, 2013.
CONNELL, Robert. Políticas da Masculinidade. Educação e Realidade, Porto Alegre. Vol. 20 (2), 1995.
DUBET, François. Le sociologue de l'éducation. Magazine Littéraire, Paris, n. 369, p. 45-47, oct. 1998.
DUBET, François. O tempo das paixões tristes: As desigualdades agora se diversificam e se individualizam, e explicam as cóleras, os ressentimentos e as indignações de nossos dias. Vestígio, 2020.
DURKHEIM, Émile. As Formas Elementares da Vida Religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2019.
DURKHEIM, Émile. O suicídio. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
FRY, Peter. Pra inglês ver: Identidade e política na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1982.
GIDDENS, Antony. A transformação da intimidade. Editora Unesp. São Paulo. 1993.
GIFFIN, Karen. A inserção dos homens nos estudos de gênero: contribuições de um sujeito histórico. 2005.
ILLOUZ, Eva. O amor nos tempos do capitalismo. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
JARDIM, M. C. A construção social do mercado de afeto: o caso das agências de casamento em contexto de consolidação dos aplicativos. Revista Pós Ciências Sociais, v. 18, n. 1, p. 43–62, 2021.
JARDIM, M. C. Para além da fórmula do amor; amor romântico como elemento central na construção do mercado do afeto via aplicativos. Revista Política e Sociedade, v. 18, n. 43. 2019.
JARDIM, M. C.; ROSA, T; Governo Cardoso (1995-2002) e Governo Lula (2003-2010): Homologia entre trajetórias dos ministros e crenças econômicas estatais vigentes. Revista TOMO, [S. l.], n. 39, p. 329, 2021.
JARDIM, M. C.; MOURA, P. J. C. A construção social do mercado de dispositivos de redes sociais: a contribuição da sociologia econômica para os aplicativos de afeto. Revista TOMO, [S. l.], 2017.
LINS, Regina Navarro. O livro do amor, volume 1. 3º ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2013.
LOPES, Luciana. A estrutura da posse de cativos nos momentos iniciais da cultura cafeeira no novo oeste paulista. Ribeirão Preto: 1849-1888. XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, [S. l.], p. 01-20, 10 dez. 2022.
LUHMANN, Niklas. O amor como paixão. Para a codificação da intimidade. Lisboa: Difel, 1991.
LYRA, Jorge; MEDRADO, Benedito; CAETANO, Marcio. De guri a cabra macho: Masculinidades no Brasil. Lamparina, 2018.
MAFFESOLI, M. Homo Eroticus: comunhões emocionais. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
MATOS, Maria Izilda Santos de. Por uma História das Sensibilidades: Em Foco: A Masculinidade. História Questões & Debates, Curitiba, v. 34, 2001.
MONTAGNER, M. A. Trajetórias e biografias: notas para uma análise bourdieusiana. Sociologias [online]. 2007.
PELÚCIO, Larissa. Amor em Tempos de Aplicativo - Masculinidades Heterossexuais e a nova economia do desejo. 1. ed. São Paulo: Annablume, 2019.
PINHO, O. A. "Etnografias do brau: corpo, masculinidade e raça na reafricanização em Salvador" Estudos Feministas, 13, p. 127-145, 2005.
PRIORE, Mary Del. História do Amor no Brasil. Editora Contexto. São Paulo: 2015.
ROSSI, Túlio Cunha. O discurso de amor na violência contra mulheres: análise sociológica de Quem matou Eloá. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 35, n. 102, p. 1-18, 2020.
SAFFIOTI, Heleieth. O Poder do Macho. Polêmica, 2001.
SIMMEL, Georg. A Filosofia do amor. Editora Fontes, 1993.
SIQUEIRA, Elton Bruno Soares de. MIRANDA, Marcelo. Experiência estética e desestabilizações das masculinidades no teatro brasileiro moderno e contemporâneo. In: CAETANO, Marcio. SILVA JUNIOR, Paulo Melgaço (org.) De guri a cabra macho: masculinidades no Brasil. Rio de Janeiro: Lamparina, 2018.
SOUZA, Thaís Cristina Caetano de. Alma gêmea, sofrimento e redenção: componentes do amor romântico na telenovela Espelho da Vida. Dissertação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNESP/Araraquara, 2022, Disponível em: < https://repositorio.unesp.br/handle/11449/242282 >. Acesso em: 20 jun. 2023.
TORRES, Analia. Sociologia do casamento. A família e a questão feminina. Oeiras: Celta Editora, 2001.
VANDENBERGHE, Frédéric. Amando o que conhecemos: notas para uma epistemologia histórica do amor. Ciências Sociais Unisinos 42(1):65-71, jan/abr 2006.