A emergência da maconha piauiense em estado de mercadoria lícita: economia, produção de conhecimento especializado e suas implicações político-morais
DOI:
https://doi.org/10.26694/rer.v6i2.5757Palavras-chave:
Economia da Maconha, Maconha/cannabis medicinal, Conhecimento sobre maconha, Moralidade política da maconha, Experimentos caseiros, mercadoria lícitaResumo
Este artigo busca entender a emergente economia da maconha medicinal no estado do Piauí e suas implicações político-morais a partir da análise de duas instituições e de suas respectivas formas de produção de conhecimento especializado: uma empresa privada de tecnologia e uma associação. A metodologia adotada é qualitativa e segue os parâmetros da etnografia multissituada, com observações participantes e entrevistas semi-estruturadas realizadas junto à rede dos empreendedores do estado do Piauí. Constatou-se que as duas instituições convergem na luta contra a política proibicionista, mas divergem em suas estratégias econômicas implicadas em posições político-morais. De um lado, a empresa privada instrumentaliza procedimentos tecnocientíficos fragmentários, isolando os componentes químicos da planta para inseri-los no mercado, orientada por uma posição político-moral também fragmentária através da qual o “mercado” é visto como instância apartada da “sociedade” e, assim, se exime de responsabilização pelo uso de estratégias econômicas excludentes. De outro lado, a associação reúne um apanhado de conhecimentos de naturezas distintas (ciência, experimentos caseiros e misticismo), de modo a conceber a planta da maconha em sua máxima integralidade, propondo uma economia implicada em uma posição político-moral holista, através da qual a cadeia de produção da maconha medicinal se harmoniza de forma sustentável com a natureza e promove inclusão e equiparação de desigualdades socioeconômicas.
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