ENLUTAMENTO PÙBLICO E VIDAS VIVÍVEIS

O AROUCHE ENQUANTO CASA, HABITAR E LUGAR

Autores/as

  • Mayara Sebinelli Unicamp
  • Tiago Rodrigues Moreira Unicamp

DOI:

https://doi.org/10.26694/cadpetfilo.v14i27.4541

Palabras clave:

Humano, Vulnerabilidade, Sexualidade-em-situação, Gênero, Violência

Resumen

As variadas lutas por uma vida vivível rebatem ontologicamente a figura do humano, aquela que querendo ou não, atravessa o pensamento moderno eurocentrado ocidental, que por vezes em situação de enquadramento, encapsula os humanos e os naturaliza como uma totalidade, esquecendo da desnaturalização e da despossessão. Judith Butler no processo de reconhecimento, abre margens para tensionarmos quais vidas são passíveis do enlutamento coletivo e, portanto, consideradas vidas humanas/legítimas/vivíveis. Eis o desafio do nosso texto, reverberar o enlutamento público e coletivo no lugar Arouche, que hoje simboliza um habitar de luta e um lugar de moradia para muitas pessoas LGBTQIAPN+.  Por isso, repensar o Humano, assim como o Humanismo, se faz basilar no contexto contemporâneo, onde várias corporeidades estão marginalizadas por não fazerem parte de um modelo normativo de humano. O caminho feito está proposto pelas bases da fenomenologia, que busca deslindar os fenômenos como eles são e como eles se manifestam no mundo vivido (voltar às coisas mesmas). Por isso, circunscrever vidas vivíveis e o enlutamento público se mostram como relevantes possibilidades de deflagrar a fenomenologia dos lugares e do habitar contemporâneo.

Biografía del autor/a

Tiago Rodrigues Moreira, Unicamp

Doutorando em Geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Citas

BARBOSA DA SILVA, J. F. Homossexualismo em São Paulo: Estudo de um grupo minoritário. Em: GREEN, J. N.; TRINDADE, R. (Eds.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

BARRETO, E. M.; LOMBARDI, R. O perigo aumenta nas ruas de São Paulo. O Estado de São Paulo, 28 mar. 1980.

BERNARDES, A. H.; COSTA, B. P. DA. Dias e noites no Arouche: narrativas sobre regiões gays. Em: TURRA NETO, N. (Ed.). Geografias da noite: exemplos de pesquisas no Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2021.

BUTLER, J. Vida Precária: Os Poderes Do Luto e Da Violência. Belo Horizonte: Autentica, 2019.

BUTLER, J. Desfazendo gênero. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2022.

BUTTIMER, A. Lar, horizontes de alcance e o sentido de lugar. Geograficidade, v. 5, n. 1, 2015.

CARBONARA, Vanderlei. Humanismo do outro homem: perspectivas de uma formação a partir da sensibilidade e da ética com Emmanuel Levinas. Educação e Filosofia, Uberlândia, v.34, n.70, p.307-332, jan./abr. 2020.

CASEY, E. S. How to get from space to place in a fairly short stretch of time: Phenomenological prolegomena. Em: FELD, S.; BASSO, K. H. (Eds.). Senses of place. Santa Fe: N.M.: School of American Research Press, 1996. v. 27p. 13–52.

CASEY, E. S. Place and Situation. Em: HÜNEFELDT, T.; SCHLITTE, A. (Eds.). Situatedness and Place: Multidisciplinary Perspectives on the Spatio-temporal Contingency of Human Life. Contributions To Phenomenology. Cham: Springer International Publishing, 2018. v. 95p. 19–25.

FOUCAULT, M. As palavras e as coisas. São Paulo (SP): Martins Fontes, 1999.

FRANÇA, I. L. Cercas e pontes: o movimento GLBT e o mercado GLS na cidade de São Paulo. São Paulo: Universidade de São Paulo, 31 mar. 2006.

GREEN, J. N. Além do carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil do século XX. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

HEIDEGGER, M. Construir, Habitar, Pensar. Em: HEIDEGGER, M. (Ed.). Ensaios e conferências. Tradução: Marcia Sá Cavalcante Schuback. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.

HOLZER, W. Ser-na-Cidade: Por uma Arquitetura e Urbanismo como lugar. Pensando - Revista de Filosofia, v. 8, n. 16, p. 20–32, 2017.

LEVINAS, Emanuel. Totalitade e Infinito. Trad. José Pinto Ribeiro. Biblioteca de Filosofia Contemporânea. Lisboa: Edições 70, 1980.

LORES, R. J. Prefeitura recorre a consulados e a empresas estrangeiras para reformar pontos da cidade. Folha de São Paulo, 23 abr. 2017.

MACRAE, E. Em defesa do Gueto. Em: GREEN, J. N.; TRINDADE, R. (Eds.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. 1. ed. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

MARANDOLA JR., E. Morte e vida do lugar: experiência política da paisagem. Pensando - Revista de Filosofia, v. 8, n. 16, 2017.

MARANDOLA JR, E. Lugar e Lugaridade. Mercator (Fortaleza), v. 19, n. e19008, 19 jun. 2020a.

MARANDOLA JR., E. Ainda é possível falar em experiência urbana? Habitar como situação corpo-mundo. Caderno Prudentino de Geografia, v. 2, n. 42, p. 10–43, 1 jul. 2020b.

MARANDOLA JR., E. Fenomenologia do ser-situado: crônicas de um verão tropical urbano. 1a edição ed. São Paulo, SP: Editora Unesp, 2021.

MARANDOLA JR., E.; LIMA-PAYAYÁ, J. DA S. Qual humanismo para a Geografia Humanista? Em: MARANDOLA JR., E.; HOLZER, W.; BATISTA, G. S. (Eds.). Portais da Terra: contribuições dos estudos humanistas para a Geografia Contemporânea 1. Teresina: Edufpi, 2023. p. 525–542.

MOREIRA, Tiago Rodrigues. Lavrando a existência gay: ontofenomenologia da sexualidade-

em-situação. Dissertação. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências

Aplicadas. 2021.

MOREIRA, T. R.; PACHECO JUNIOR, N. C.; MARANDOLA JR., E. Casa como lar: entre descanso e movimento. Kalagatos, v. 20, n. 2, p. eK23023, 13 jun. 2023.

O ESTADO DE SÃO PAULO. Polícia já tem plano conjunto contra travestis. O Estado de São Paulo, 1 abr. 1980.

OLIVEIRA, L. DE. O sentido de lugar. Em: MARANDOLA JR., E.; HOLZER, W. (Eds.). Qual o espaço do lugar?: geografia, epistemologia, fenomenologia. São Paulo: Perspectiva, 2012.

PAULO, P. P. Prefeitura quer transformar Largo do Arouche em “boulevard” com inspiração francesa. G1, 24 maio 2019.

PERLONGHER, N. O. O negócio do michê: prostituição viril em São Paulo. 2a ed.- ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.

PUCCINELLI, B. lar, memória e resistência: reflexos e reflexões sobre mercado imobiliário, homossexualidades e o “tradicional bairro gay” da cidade de São Paulo. Em: AYERBE, J.; LUHMANN, D. (Eds.). Cidade Queer, uma leitora. São Paulo: Edições Aurora, 2017.

SARTRE, J.-P. Uma idéia fundamental da fenomenologia de husserl: a intencionalidade. Veredas FAVIP, v. 2, n. 1, p. 102–105, jun. 2005.

SEBINELLI, M.; COSTA, N. V. DA. Desfazendo a técnica: : A casa-estojo e o habitar. Kalagatos, v. 20, n. 2, p. eK23024, jun. 2023.

TREVISAN, J. S. Devassos no paraíso. [s.l.] Max Limonad, 1986.

Publicado

2023-08-28

Cómo citar

Sebinelli, M., & Rodrigues Moreira, T. (2023). ENLUTAMENTO PÙBLICO E VIDAS VIVÍVEIS: O AROUCHE ENQUANTO CASA, HABITAR E LUGAR. Cadernos Do PET Filosofia, 14(27), 6–22. https://doi.org/10.26694/cadpetfilo.v14i27.4541

Número

Sección

DOSSIÊ “Fissuras, encontros e rupturas: uma ontologia pulsante do gênero”

Artículos similares

<< < 1 2 3 4 > >> 

También puede {advancedSearchLink} para este artículo.