SOBRE O PROBLEMA METODOLÓGICO EM ARENDT: “PENSAR O QUE ESTAMOS FAZENDO”
DOI:
https://doi.org/10.26694/pet.v11i21.1948Keywords:
Pensar, Compreender, MetodologiaAbstract
O presente trabalho tece considerações sobre o problema metodológico que o pensamento político de Arendt confronta. Procuramos destacar que, embora seja errôneo atribuir a Arendt a posse de um método, no sentido tradicional do termo, podemos falar de um exercício de pensamento expresso no verbo “compreender” e no seu correlato “pensar o que estamos fazendo”. Iremos explorar a riqueza semântica que o compreender adquire nas reflexões da autora, apresentando o termo primeiramente como exercício de pensamento e, em seguida, como metáfora filosófica do espectador, procurando distinguir a compreensão do filósofo-espectador da compreensão do homem de ação, traçando os limites entre o filósofo e o político. Veremos que a recusa de Arendt a refletir sobre um método relaciona-se com a recusa a fazer de si um critério normativo para o pensamento alheio. Se Arendt ressalta a importância de pensar o que estamos fazendo, não fornece respostas prontas para este dilema, mas reserva ao interlocutor a tarefa de pensar por si mesmo e chegar a suas conclusões particulares.
References
AGUIAR, Odílio Alves. Filosofia, Política e Ética em Hannah Arendt. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009.
______. Filosofia e política no pensamento de Hannah Arendt. Fortaleza: EUFC, 2001.
ARENDT, Hannah. A condição humana. — 12ed. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2014.
______. O que é política?. Trad. Reinaldo Guarany. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.
______. Origens do totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
______. “Sobre Hannah Arendt”. Trad. de Adriano Correia. Inquietude. Goiânia, v. 1, n. 2, ago-dez 2010.
______. Compreender: formação, exilio e totalitarismo (ensaios). Trad. Denise Bottman; organização, revisão e notas Jerome Kohn. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
______. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
______. Raehl Varnhagen: judia alemã na época do romantismo. Trad. Antônio Trânsito e Gernot Kludasch. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
BORREN, Marieke. Amor mundi: Hannah Arendt’s political phenomenology of world. Faculty of Humanities. Amsterdam, 2010.
DUARTE, André. Hannah Arendt e o pensamento político: a arte de distinguir e relacionar conceitos. Argumentos. Fortaleza, ano 5 n. 9. Jan-jun, 2013, p. 45.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Obras incompletas. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
YOUNG-BRUEL, Elisabeth. Por amor ao mundo: a vida e a obra de Hannah Arendt. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1997.