TEOLOGIA POLÍTICA E UTOPIA SOCIAL: APONTAMENTOS SOBRE A CONCEPÇÃO MESSIÂNICA DE JUSTIÇA DE WALTER BENJAMIN
DOI:
https://doi.org/10.26694/pet.v6i12.2024Palavras-chave:
Messianismo, Jetztzeit, Utopia, Mito, JustiçaResumo
Partindo de premissas teóricas totalmente diferentes e até incompatíveis Jacques Derrida e Axel Honneth chegam a uma conclusão bastante semelhante sobre o significado político do messianismo de Walter Benjamin: trata-se de uma tentativa de fundamentar uma forma terrorista de ação política. Não estou seguro que essa seja a melhor interpretação do significado político do messianismo de Benjamin, ainda que não negue que em diversas passagens dos escritos do autor a impressão que fica é exatamente essa. Como alternativa hermenêutica sugiro cotejar a leitura do texto benjaminiano “Zur Kritik der Gewalt” (1920) com outras de suas obras e fragmentos escritos em diferentes períodos, em especial o seu último ensaio “Über den Begriff der Geschichte” (1940). A hipótese de trabalho defendida neste texto é a de que não há como compreender o valor político do messianismo benjaminiano sem levar em consideração a sua noção teológica de tempo messiânico, representada pela categoria de “Jetztzeit”. Deste modo, para Benjamin, a ideia marxista – e também romântica–de sociedade sem classe representa a secularização da concepção de “Jetztzeit”. Para poder demonstrar isso, o artigo está divido em três grandes seções. Na primeira seção, procura-se apresentar esclarecimentos conceituais fundamentais, como a caracterização das categorias de utopia e de messianismo–e suas formas adjetivadas, “utópico” e “messiânico”.Na segunda parte, pretende-se também cotejar algumas ideias vinculadas a tradição da “Escola de Frankfurt”, principalmente a partir das categorias de mito e natureza, presentes em “Dialektik der Aufklärung” (1944), obra na qual a influência benjaminiana possui um peso decisivo e ajuda, inclusive, a justificar a fortiori a visão romântica da natureza de Benjamin. Por último, o artigo comenta algumas teses sobre o conceito de história benjaminiano, dando ênfase a sua concepção messiânica de justiça, que consiste na tentativa de transformar a terra – aqui e agora–em um verdadeiro paraíso para todos.