FOUCAULT E A INSURREIÇÃO IRANIANA COMO ACONTECIMENTO: O SI E OS OUTROS, DO ASSUJEITAMENTO À SUBJETIVAÇÃO

Autores/as

  • Gabriela Menezes Jaquet UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.v7i14.5359

Palabras clave:

Acontecimento, Michel Foucault, Poder pastoral, Subjetivação, Contra-conduta, Filosofia Francesa Contemporânea

Resumen

O objetivo deste artigo é, de forma geral, discutir a noção de acontecimento enquanto uma das principais categorias para a leitura da obra de Michel Foucault, o que nos permite, a partir de uma determinada operacionalização, compreender todo seu projeto como uma acontecimentalização da história. A fim de especificar este processo, estabelecemos o diagnóstico foucaultiano da Insurreição Iraniana como mote de nossa verificação do acontecimento, em que atentaremos para dois aspectos que convergem no nexo principal do événement: o “poder pastoral” e a “espiritualidade política” conduzindo às novas proposições teóricas sobre a formação do sujeito. Será, assim, a partir do grande eixo da subjetivação que desenvolveremos nossa hipótese de leitura, referente à economia da obra foucaultiana, no que diz respeito ao acento espiritual do poder pastoral e o episódio iraniano como estando já inseridos em um movimento que deveria tentar pensar, continuamente, um sujeito outro. Desta forma, tais temáticas, abarcando a questão de um governo dos outros, carregarão igualmente a necessidade conceitual do governo de si, desenvolvida por Foucault através do “cuidado de si” durante a década de 1980. Para percorrermos este caminho, de uma acontecimentalização do levante no Irã, abordaremos primeiramente o poder pastoral e as contra-condutas no contexto do curso proferido no Collège de France em 1978, Sécurité, territoire, population. Em seguida enfocaremos a noção de “espiritualidade política”, utilizada em sua análise sobre o Irã, a partir de um cruzamento conceitual advindo de estudo pontual de L’Herméneutique du sujet, curso de 1982, a fim de poder explicitar, ao final, como a própria metodologia de uma filosofia do acontecimento procura atingir seu principal alvo, o sujeito, ao pensá-lo enquanto processo, através de um questionamento singular: “como se tornar sujeito sem ser assujeitado?”

Citas

AFARY, J.; ANDERSON, K. B. Foucault e a Revolução Iraniana: as relações de gênero e as seduções do islamismo. São Paulo: Realizações, 2010. Trad. Fabio Faria.

BROYELLE, Claudie; BROYELLE, Jacques. “Com o que os filósofos estão sonhando? Será que Michel Foucault estava errado sobre a Revolução Iraniana?” In: AFARY, Janet; ANDERSON, Kevin. B. Foucault e a Revolução Iraniana: as relações de gênero e as seduções do islamismo. São Paulo: Realizações, 2010. Trad. Fabio Faria. pp. 400-404.

CARRETTE, Jeremy R. Foucault and Religion: spiritual corporality and political spirituality. Londres: Taylor & Francis e-Library, 2002.

CAVAGNIS, Julien. “Michel Foucault et le soulèvement iranien de 1978: retour sur la notion de spiritualité politique”. In: Cahiers philosophiques, 2012/3 n° 130, pp. 51-71.

__________. “’Corbin, Hadot, Foucault’ Mise en dialogue de Qu'est-ce que la philosophie islamique? de Christian Jambet”. In: Cahiers philosophiques, 2012/1 n° 128, pp. 111-125.

ÉRIBON, Didier. Michel Foucault. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. Trad. Hildegard Feist.

FOUCAULT, Michel. Sécurité, territoire, population. Cours au Collège de France. 1977-1978, ed. SENELLART, Michel. Paris: Gallimard-Le Seuil (coll. Hautes Études), 2004.

__________. Il faut déféndre la societé. Cours au Collège de France. 1975-1976. Org: Alessandro FONTANA et Mauro BERTANI, Paris: Gallimard-Le Seuil (coll. Hautes études), 1997.

__________. Subjectivité et verité. Cours au Collège de France 1980-1981. Ed. EWALD, François; FONTANA, Alessandro. Org. GROS, Frédéric. Paris: Seuil-Gallimard, 2014.

__________. L’Herméneutique du sujet. Cous au Collège de France. 1981-1982, ed. GROS, Frédéric. Paris: Gallimard-Le Seuil, (coll. Hautes Études) 2001 Paris: Gallimard-Seuil, 2001.

__________. Qu'est-ce que la critique? Critique et Aufklärung. Bulletin de la Société Française de Philosophie. Paris, abr./jun. 1990, n. 2, p. 35-63.

__________. Dits et écrits, vol. 1, 1954-1975, Paris: Gallimard (coll. Quarto), 2001.

__________. Dits et écrits, vol. 2, 1976-1988, Paris: Gallimard (coll. Quarto), 2001.

FARHI NETO, Leon. Espiritualidade política: a partir de Foucault e de Spinoza. (Tese de doutorado, UFSC). Florianópolis, 2012.

GROS, Frédéric. “Situation du cours”. In: FOUCAULT, Michel. Subjectivité et verité. Cours au Collège de France 1980-1981. Ed. EWALD, François; FONTANA, Alessandro. Org. GROS, Frédéric. Paris: Seuil-Gallimard, 2014.

GUOLO, Renzo. “La spiritualità politica”. In: FOUCAULT, Michel. Taccuino Persiano. Org: GUOLO, Renzo; PANZA, Pierluigi. Milão: Ed. Guerini e Associati, 1998. pp. 73-100.

HADOT, Pierre. “Réflexions sur la notion de ‘Culture de soi’”, in Michel Foucault Philosophe. Rencontre internationale, Paris 9, 10, 11 janvier 1988. Paris: Éditions du Seuil/Les travaux, 1989.

MADARASZ, Norman. “Foucault e a revolução iraniana: o jornalismo de ideias diante da ‘espiritualidade política’”. Verso e Reverso, Unisinos, nº45, 2006. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/versoereverso/article/view/7254 Acesso em: 20/10/2016.

__________.“Apresentação”. Dossiê: Sistema e Ontologia na Filosofia Francesa Contemporânea (II). Veritas: Revista Quadrimestral de Filosofia da PUCRS, Porto Alegre: v. 59, n. 2 , maio-ago. 2014. pp. 223-229.

__________. “Foucault, arqueólogo estrutural” in: MADARASZ, N. R.; JAQUET, G. M., FÁVERO, D. N., CENTENARO, N. (Org.), Foucault: leituras acontecimentais. Porto Alegre: Editora Fi, 2016.

MARZOCCA, Ottavio. “Al di sotto della storia, a ridosso della politica”. In: CAVAZZINI, A. (dir.), Michel Foucault: L’Islam et la révolution iranienne, Milão: Mimesis, La rose de personne, 2005. pp. 97-113.

MINC, ALAIN. “Le terrorisme de l’esprit”. Le Monde, 7 de novembro, 2001.

PANZA, Pierluigi. “Poteri e rivoluzione”. In: FOUCAULT, Michel. Taccuino Persiano. Org: GUOLO, Renzo; PANZA, Pierluigi. Milão: Ed. Guerini e Associati, 1998. pp. 101-124.

RONDINSON, Maxime. “O Islã ressurgente?” (pp. 362-386); “Khomeini e a ‘primazia do espiritual’” (pp. 390-396); “Crítica de Foucault sobre o Irã” (pp. 432-448). In: AFARY, J.; ANDERSON, K. B. Foucault e a Revolução Iraniana: as relações de gênero e as seduções do islamismo. São Paulo: Realizações, 2010. Trad. Fabio Faria.

Publicado

2017-01-23

Cómo citar

MENEZES JAQUET, Gabriela. FOUCAULT E A INSURREIÇÃO IRANIANA COMO ACONTECIMENTO: O SI E OS OUTROS, DO ASSUJEITAMENTO À SUBJETIVAÇÃO. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 7, n. 14, p. 306–330, 2017. DOI: 10.26694/pensando.v7i14.5359. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3352. Acesso em: 3 jul. 2024.

Número

Sección

ARTIGOS/VARIA

Artículos similares

<< < 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 > >> 

También puede {advancedSearchLink} para este artículo.