“PARA QUE TUDO PERMANEÇA COMO É, É NECESSÁRIO QUE TUDO MUDE”: O NIILISMO DE O LEOPARDO DE LAMPEDUSA E O NIILISMO CRISTÃO KIERKEGAARDIANO NO SÉCULO DAS MUDANÇAS
DOI:
https://doi.org/10.26694/pensando.v7i14.4458Palabras clave:
Filosofia da História, Filosofia Contemporânea, Literatura, Religião, NiilismoResumen
Não parece haver, ao menos num primeiro olhar, qualquer ponto de convergência entre a literatura de Lampedusa e a filosofia de Kierkegaard. Contudo, com um pouco mais de investigação, tal percepção revela-se falsa. Ambos os autores se situam no século XIX e, nesse sentido, há forte conexão entre ambos a partir de uma análise histórica, filosófica e política. É verdade que o italiano escreve no século XX, mas o faz descrevendo o século anterior, período onde o dinamarquês produziu a sua obra. O autor siciliano aborda em sua literatura um dos temas mais instigantes do século XIX, a saber, a descrença em mudanças políticas. Segundo avaliamos, tal concepção possui afinidades com um certo niilismo cristão presente na obra kierkegaardiana. Desse modo, nosso intuito é observar como os dois autores, mesmo não se conhecendo, foram capazes de construir ligações significativas entre o sul da Itália e o mundo nórdico e, assim, numa visão panorâmica desses séculos, parecem muito mais próximos do que se poderia a princípio imaginar. Para tanto, dividiremos nosso artigo do seguinte modo: num primeiro momento, abordaremos aspectos da obra O Leopardo de Lampedusa e suas possíveis conexões com o pensamento kierkegaardiano. Na sequência, apresentaremos uma análise do tema do niilismo a partir da interpretação da obra de Karl Löwith. Por fim, concluiremos com uma aproximação entre os dois niilismos: o de Lampedusa e o de Kierkegaard.
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