FOUCAULT E A INSURREIÇÃO IRANIANA COMO ACONTECIMENTO: O SI E OS OUTROS, DO ASSUJEITAMENTO À SUBJETIVAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.26694/pensando.v7i14.5359Palavras-chave:
Acontecimento, Michel Foucault, Poder pastoral, Subjetivação, Contra-conduta, Filosofia Francesa ContemporâneaResumo
O objetivo deste artigo é, de forma geral, discutir a noção de acontecimento enquanto uma das principais categorias para a leitura da obra de Michel Foucault, o que nos permite, a partir de uma determinada operacionalização, compreender todo seu projeto como uma acontecimentalização da história. A fim de especificar este processo, estabelecemos o diagnóstico foucaultiano da Insurreição Iraniana como mote de nossa verificação do acontecimento, em que atentaremos para dois aspectos que convergem no nexo principal do événement: o “poder pastoral” e a “espiritualidade política” conduzindo às novas proposições teóricas sobre a formação do sujeito. Será, assim, a partir do grande eixo da subjetivação que desenvolveremos nossa hipótese de leitura, referente à economia da obra foucaultiana, no que diz respeito ao acento espiritual do poder pastoral e o episódio iraniano como estando já inseridos em um movimento que deveria tentar pensar, continuamente, um sujeito outro. Desta forma, tais temáticas, abarcando a questão de um governo dos outros, carregarão igualmente a necessidade conceitual do governo de si, desenvolvida por Foucault através do “cuidado de si” durante a década de 1980. Para percorrermos este caminho, de uma acontecimentalização do levante no Irã, abordaremos primeiramente o poder pastoral e as contra-condutas no contexto do curso proferido no Collège de France em 1978, Sécurité, territoire, population. Em seguida enfocaremos a noção de “espiritualidade política”, utilizada em sua análise sobre o Irã, a partir de um cruzamento conceitual advindo de estudo pontual de L’Herméneutique du sujet, curso de 1982, a fim de poder explicitar, ao final, como a própria metodologia de uma filosofia do acontecimento procura atingir seu principal alvo, o sujeito, ao pensá-lo enquanto processo, através de um questionamento singular: “como se tornar sujeito sem ser assujeitado?”
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