Orixás, entidades e cotidiano: uma travessia etnográfica pelo candomblé
DOI:
https://doi.org/10.26694/rer.v7i1.5976Palavras-chave:
Candomblé, Autoetnografia, Ethos candomblecista, Cosmopercepção, AfetoResumo
Este artigo reflete sobre as implicações metodológicas e onto-epistemológicas da autora numa travessia etnográfica pelo candomblé, em que se investigam as interações dos adeptos com os diversos ambientes fora dos espaços tradicionais de culto, a partir de suas cosmologias e práticas religiosas. A pesquisa autoetonográfica foi conduzida no contexto do meu cotidiano como candomblecista, incluindo terreiros na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, além de ambientes domésticos e sociais não-religiosos. O artigo demonstra como a inserção da pesquisadora na cultura do candomblé e a compreensão da cosmopercepção são fundamentais, mas exigem uma abertura para ser influenciada pelas divindades e entidades daquele cosmos. A interação com esses seres, em rituais e na vida cotidiana, revela seu papel como agentes transformadores e ferramentas de interpretação da realidade, contribuindo para uma antropologia que valoriza essas experiências.
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