Por uma política da vadiação: a capoeira “fazendo” cidades em Fortaleza

Autores

  • Igor Monteiro Silva UNILAB
  • Ricardo Cesar Carvalho Nascimento UNILAB

DOI:

https://doi.org/10.26694/rer.v4i2.12794

Palavras-chave:

Capoeira, Cidades, Vadiação, Margens, Política

Resumo

A capoeira e as dinâmicas da vida urbana, historicamente, travam um íntimo diálogo, implicando mútua (in)formação a partir de experiências localizadas em espaços públicos citadinos como portos, mercados e largos. Escusado dizer que esse diálogo com as ruas permanece vivo na atualidade, sobretudo em territórios das cidades que são considerados “periféricos”, de “margem” ou “precários” (AGIER, 2015). Assim, o presente artigo objetiva refletir sobre a capoeira enquanto produção da margem, considerando-a como uma “situação-limite” (AGIER, 2015) que enseja precipitações políticas, ações produzidas por coletivos de sujeitos que interpelam as dimensões de “ordenamento” e de “prescrição” dos mundos urbanos planejados a partir e para as “centralidades” e seus sujeitos; que criticam a sustentação de usos, sentidos e relações considerados hegemônicos, dominantes ou legítimos. Para tanto, mobilizando pesquisas etnográficas, os bairros Serrinha e Gentilândia (Fortaleza, Ceará, Brasil) são tomados como espaços privilegiados de reflexão.

Biografia do Autor

Igor Monteiro Silva, UNILAB

Doutor em Sociologia/UFC, Professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira/ UNILAB, atuando nos cursos de Lienciatura em Sociologia e Bacharelado em Humanidades. 

Ricardo Cesar Carvalho Nascimento, UNILAB

professor efetivo da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira onde atua como professor na licenciatura em Sociologia e no Bacharelado em Humanidades. É doutor em Antropologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa com a tese: Mandinga for export, a globalização da capoeira na Europa. Fez mestrado em Sociologia pela Universidade do Minho e é licenciado em Geografia pela Universidade do Porto.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Profanações. São Paulo: Boitempo, 2007.

AGIER, Michel. Antropologia da cidade: lugares, situações, movimentos. São Paulo: Terceiro Nome, 2011.

AGIER, Michel. “Do direito à cidade ao fazer-cidade. O antropólogo, a margem e o centro”. Mana, 21(3), 2015, p. 483-498.

ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Capoeira: the history of an Afro-Brazilian martial art. Routledge: Londres, 2005.

BERTELLI, Giordano Barbin. “Errâncias racionais: a periferia, o rap e a política”. In: BERTELLI, Giordano Barbin; FELTRAN, Gabriel (org.). Vozes à margem: periferias, estética e política. São Carlos: EdUFSCar, 2017. pp. 21-38.

BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34, 2000.

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. “Qual a novidade dos rolezinhos? Espaço público, desigualdade e mudança em São Paulo”. Novos Estudos CEBRAP, (98), 2014, p. 13-20.

CASTRO-GÓMEZ, Santiago. “Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da ‘invenção do outro’”. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Clacso, 2005. pp. 80-89.

DE CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. v. 1.

DOWNEY, Greg. Learning capoeira: lessons in cunning from an Afro-Brazilian art. Nova Iorque: Oxford University Press, 2005.

FAVRET-SAADA, J. Deadly words: witchcraft in the Bocage. Cambridge: Cambridge University Press; Paris: Editions de la Maison des Sciences de l’Homme, 1980.

GILROY, Paul. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34, 2001.

HARVEY, David. “Do gerenciamento ao empresariamento: a transformação da administração urbana no capitalismo tardio”. Espaço & Debates, (39), 1996, p. 48-64.

JACQUES, Paola Berenstein. “Zonas de tensão: em busca de micro-resistências urbanas”. In: BRITTO, Fabiana Dutra; JACQUES, Paola Berenstein (org.). Corpocidade: debates, ações e articulações. Salvador: EDUFBA, 2010. pp. 106-119.

JACQUES, Paola Berenstein. Elogio aos errantes. Salvador: EDUFBA, 2012.

MAGNANI, José Guilherme Cantor. “De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 17(49), 2002, p. 11-29.

MAGNANI, José Guilherme Cantor. “Etnografia como prática e experiência”. Horizontes Antropológicos, 15(32), 2009, p. 129-156.

NASCIMENTO, Ricardo; MONTEIRO, Igor. “Capoeira, cidade e cultura: notas etnográficas sobre ocupações criativas em Fortaleza-CE”. O Público e o Privado, (29), jan./jun. 2017, p. 55-72.

OLÍMPIO, Marise Magalhães. “Lazer e regime militar: um estudo sobre os Centros Sociais Urbanos de Fortaleza (1969-1984)”. In: Simpósio Nacional de História – ANPUH-Brasil, 30., 2019, Recife. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2019. n. p.

PALLAMIN, Vera. “Apresentação”. In: BERTELLI, Giordano Barbin; FELTRAN, Gabriel (org.). Vozes à margem: periferias, estética e política. São Carlos: EdUFSCar, 2017. pp. 9-12.

PIRES, Antônio Liberac Cardoso Simões. Movimentos da cultura afro-brasileira: a formação histórica da capoeira contemporânea (1890-1950). Tese de Doutorado. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2001.

QUIJANO, Aníbal. “Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina”. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Clacso, 2005. pp. 107-130.

RANCIÈRE, Jacques. Le partage du sensible: esthétique et politique. Paris: La Fabrique, 2000.

REIS, Letícia Vidor de Sousa. O mundo de pernas para o ar: a capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher Brasil, 2000.

SILVA, Igor Monteiro. “A roda como ‘agir urbano’: reflexões sobre capoeira e cidade a partir da Praça João Gentil, Gentilândia – Fortaleza/CE”. Capoeira – Revista de Humanidades e Letras, 4(2), 2018, p. 35-61.

SILVA, Sammia Castro. “Fragmentos históricos da capoeira cearense: as rodas na casa do governador Virgílio Távora na década de 1970”. In: Encontro Cearense de História da Educação, 22.; Encontro Nacional do Núcleo de História e Memória da Educação, 2., 2013, Fortaleza. GT 3: Práticas culturais e educativas. Fortaleza: ECHE; ENHIME, 2013. p. 840-853.

SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808-1850). Campinas: Editora da UNICAMP, 2001.

VIANA, Waldiane. Manifestações homofóbicas em espaços públicos: Praça da Gentilândia em Fortaleza. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal do Ceará, 2009.

VIEIRA, Luiz Renato. O jogo de capoeira: corpo e cultura popular no Brasil. Rio de Janeiro: Sprint, 1996.

Downloads

Publicado

2022-06-16

Como Citar

MONTEIRO SILVA, Igor; CARVALHO NASCIMENTO, Ricardo Cesar. Por uma política da vadiação: a capoeira “fazendo” cidades em Fortaleza. Revista EntreRios do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, [S. l.], v. 4, n. 2, p. 98–125, 2022. DOI: 10.26694/rer.v4i2.12794. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/entrerios/article/view/5171. Acesso em: 22 jul. 2024.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.