REPETIR SEM ELABORAR
O ESTATUTO DA REPETIÇÃO ENTRE FREUD E DELEUZE
DOI:
https://doi.org/10.26694/cadpetfilo.v13i26.3120Palavras-chave:
Repetição, Elaboração, Sínteses do tempoResumo
O texto visa apresentar a querela entre Sigmund Freud e Gilles Deleuze acerca da noção de “repetição” – noção fundamental tanto para a metapsicologia do primeiro, quanto para a filosofia do segundo. Através da crítica de Deleuze ao caráter eminentemente negativo e “derivativo” da repetição em Freud (ideia que, no caso de Freud, aparece sobretudo em dois textos fundamentais: “Recordar, repetir e elaborar”, de 1914, e “Além do princípio do prazer”, de 1920), será refeito o itinerário das “sínteses do tempo”, presentes na obra Diferença e repetição, apontando para uma noção positiva de repetição – sem, contudo, incorrer às figuras do Mesmo e ao primado da representação. Uma “repetição complexa”, que se faz acompanhar de uma “diferença pura”, cuja temporalidade mais adequada é aquela própria à lógica da multiplicidade, isto é, um tempo “não-reconciliado”, parafraseando a expressão de Peter Pál Pelbart.
Referências
DAVID-MÉNARD, Monique. Deleuze e a psicanálise. Trad. Marcelo Jacques de Moraes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
DELEUZE, Gilles. Presentación de Sacher-Masoch: Lo frío y lo cruel. Trad. Irene Agoff. Buenos Aires: Amorrortu, 2011.
DELEUZE, Gilles. Différence et répétition. 7ª ed. Paris: PUF, 1993.
FREUD, Sigmund. “Recordar, repetir e elaborar”. In: Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Trad. José Octavio de Aguiar Abreu. Vol. XII. Rio de Janeiro: Imago, 1969.
FREUD, Sigmund. “Além do princípio do prazer”. In: História de uma neurose infantil: (“O Homem dos Lobos”): além do princípio do prazer e outros escritos (1917 – 1920). Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
LACAN, Jacques. Le Séminaire: Livre XI. Les quatre concepts fondamentaux de la psychanalyse. Paris: Éditions du Seuil, 1973.
LYOTARD, Jean François. O pós-moderno explicado às crianças. Trad. Tereza Coelho. Lisboa: D. Quixote, 1987.
PELBART, Peter Pál. O tempo não reconciliado. São Paulo: Perspectiva, 1998.
PELBART, Peter Pál. “Tempos agonísticos”. In: Concinnitas. Ano 16, Vol. 2, n. 27, 2015.
MONTEBELLO, Pierre. “L’instinct de mort chez Deleuze. La controverse avec la psychanalyse”. In: doispontos. Curitiba, São Carlos, vol. 8, n. 2. pp 15-26, outubro, 2011.