Por que ainda somos freireanos?

Analisando o “paulofreirianismo”, uma “teologia laica”

Autores

  • Mauro Sérgio de Carvalho Tomaz USP

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.vol15i35.5319

Palavras-chave:

Paulo Freire, paulofreireanismo, crítica, teologia laica

Resumo

Porque ainda somos freireanos? A resposta a esta simples pergunta parece ter deixado de ser pedagógica, educativa, libertadora e conscientizadora, de acordo com o que originalmente era esperado, para se transformar em algo mais: uma teologia laica. Esta é a afirmação do professor Flávio Brayner, da Universidade Federal de Pernambuco, em seu ensaio “Paulofreireanismo”: uma teologia laica?. O processo de transformação que levou a esta metamorfose da pedagogia freireana é chamado por ele de “institucionalização” e passa pelos seguintes elementos: como o culto à personalidade, a fidelidade doutrinária, a criação de um programa metodológico, de um léxico próprio e uma disciplina acadêmica e, finalmente, a admissão do método Paulo Freire como base e modus operandi de Políticas Públicas por meio da promulgação do autor como Patrono da Educação Brasileira, em 2012, e na publicação do Marco de Referência da Educação Popular, em 2014. Esse processo, aliado a questões internas da pedagogia de Freire, ou seja, seu caráter profético (escatológico) e salvacionista (soteriológico), fizeram com que Flávio Brayner encontrasse a resposta para a sua questão em outro lugar: nessa estranha mistura entre laicidade e teologia. Neste artigo, pretendo analisar sua argumentação para compreender melhor o “paulofreireanismo” e como ele tem atrapalhado, impedido e deturpado a crítica profícua que poderia surgir do estudo aprofundado da obra de Paulo Freire. Portanto, ainda que este artigo não se caracterize propriamente como uma investigação filosófica, ele serve como apoio para futuros trabalhos de análise do pensamento do recifense.

Biografia do Autor

Mauro Sérgio de Carvalho Tomaz, USP

Doutor em Filosofia da Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Educação (Processos Socioeducativos e Práticas Escolares) na linha de pesquisa: "Discursos e Produção de Saberes nas Práticas Educativas" pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), com dissertação acerca do tema "educação e política" em uma comparação entre a concepção de Paulo Freire e José Ortega y Gasset. É licenciado e bacharel em Filosofia pela mesma universidade (UFSJ 2012 - 2015). Professor de Filosofia da rede estadual de ensino de Minas Gerais. Integra a comissão organizadora do Colóquio Internacional Antero de Quental que se concentra no diálogo filosófico e historiográfico luso-brasileiro. Lidera o grupo de estudos "The Kilns", que tem por objetivo ler, refletir e debater de modo sistemático e aprofundado a vida e a obra de C. S. Lewis.

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Publicado

23-10-2024

Como Citar

DE CARVALHO TOMAZ, Mauro Sérgio. Por que ainda somos freireanos? Analisando o “paulofreirianismo”, uma “teologia laica”. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 15, n. 35, p. 43–57, 2024. DOI: 10.26694/pensando.vol15i35.5319. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/5319. Acesso em: 5 nov. 2024.

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