A NATUREZA DA TÉCNICA: CRÍTICA DO CARÁTER INSTRUMENTAL DO CONCEITO DE TÉCNICA

Autores

  • Celso Candido Azambuja Unisinos

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.v8i15.5937

Palavras-chave:

Filosofia, Tecnologia, Civilização, Sociedade contemporânea, Filosofia da ciência

Resumo

O trabalho propõe-se a fazer uma leitura crítica do conceito de técnica, especificamente, do seu caráter instrumental. A hipótese principal é que a tradicional definição instrumental da técnica não é suficiente para compreender a complexidade do fenômeno técnico nem tampouco seus  efeitos no plano das atividades e dos modos de ser e pensar humanos. A técnica entendida simplesmente como meio para fins humanos é correta, mas apenas parcialmente verdadeira. Assim, na medida em que é uma definição parcial, ela não nos revela a real situação na qual nos encontramos como civilização tecnocientífica. Trata-se, portanto, de desenvolver uma problematização do conceito de técnica para além de seu caráter instrumental. Esta elaboração é feita de forma introdutória principalmente a partir das ideias sobre a técnica de Aristóteles, Heidegger, McLuhan, Simondon e Galimberti. Tal problematização crítica do conceito instrumental da técnica conduz a superação de três mitos fundamentais que o sustentam: a técnica como atividade mecânica destituída de virtude; a técnica como outro do humano, ou como dimensão propriamente inumana; e a técnica como um objeto neutro à disposição da vontade humana. A técnica é aquela dimensão essencial à condição e à vida humana que, em grande parte, determina e condiciona seus modos de ser, perceber e viver o mundo. Assim, a representação instrumental é insuficiente para responder a pergunta pela natureza da técnica.

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Publicado

13-10-2017

Como Citar

AZAMBUJA, Celso Candido. A NATUREZA DA TÉCNICA: CRÍTICA DO CARÁTER INSTRUMENTAL DO CONCEITO DE TÉCNICA. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 8, n. 15, p. 166–182, 2017. DOI: 10.26694/pensando.v8i15.5937. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3366. Acesso em: 4 dez. 2024.

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