O Nietzsche dos juristas

A recepção por Miguel Reale no Brasil

Autores

  • Luiz Filipe Araújo Universidade Federal de Viçosa
  • João Maurício Adeodato Faculdade de Direito de Vitória

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.vol31%25.4058

Palavras-chave:

Nietzsche, Miguel Reale, Cultura, Valor, Antropologia Filosófica

Resumo

Este artigo tem como objetivo examinar a recepção de Miguel Reale (1910-2006) do pensamento de Friedrich Nietzsche, considerando tanto os problemas de uma história abrangente das ideias quanto os aspectos mais particulares da axiologia jurídica. Para isso observa-se o itinerário intelectual de Miguel Reale, especialmente no que diz respeito à sua filosofia do valor e sua relação com o culturalismo jurídico e a teoria tridimensional do direito. Concluímos apontando que os desdobramentos desta temática na segunda metade do século XX no Brasil encontram semelhanças com seu tratamento na tradição europeia, em particular na Alemanha, e mostram uma recepção do pensamento de Nietzsche. A metodologia é a hermenêutica da recepção que caracteriza a história das ideias e da cultura, norteada pelos problemas de continuidade e originalidade em um pensamento periférico, com base na pesquisa bibliográfica.

Biografia do Autor

Luiz Filipe Araújo, Universidade Federal de Viçosa

Professor Adjunto de Filosofia do Direito e Teoria do Direito na Universidade Federal de Viçosa. Graduado em Direito pela Universidade Federal de Viçosa, Mestre e Doutor em Direito pela Faculdade de Direito e Ciências do Estado da Universidade Federal de Minas Gerais. Estágios de pesquisa doutoral na Paris-Lodron-Universität Salzburg/Áustria e de pesquisas pós-doutorais na Faculdade de Direito de Vitória e na Christian-Albrechts-Universität zu Kiel/Alemanha. Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa HERETHIK - "Hermenêutica, Retórica e Ética" junto à Universidade Federal de Viçosa.

João Maurício Adeodato, Faculdade de Direito de Vitória

Doutorado (1986) e livre docente (2011) pela Faculdade de Direito da USP e pós-doutorado na Universidade de Mainz pela Fundação Alexander von Humboldt (1988-1989). Professor da Faculdade de Direito de Vitória (FDV) e da Faculdade Damas. Ex-Professor Titular da Faculdade de Direito do Recife, Livre-Docente da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Coordenador dos Cursos de Direito do Grupo Ser Educacional e Pesquisador 1-A do CNPq.

Referências

ADEODATO, J. M. A. (Org.). Continuidade e originalidade no pensamento jurídico brasileiro: análises retóricas. Curitiba: Editora CRV, 2015.

ANSELL-PEARSON, K. Nietzsche como pensador político: uma introdução. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

ARAÚJO, L. F. Nietzsche e a justiça para além da ideia. Rio de Janeiro: Via Verita, 2021.

ASSMANN, A. Einführung in die Kulturwissenschaft: Grundbegriffe, Themen, Fragestellungen. Berlim: Schmidt, 2017.

BLUMENBERG, H. Beschreibung des Menschen. Berlim: Suhrkamp, 2006.

BORGARDS, R. (Org.). Texte zur Kulturtheorie und Kulturwissenschaft. Stuttgart: Reclam, 2010.

CAVALCANTI FILHO, T. (org.). Estudos em homenagem a Miguel Reale. São Paulo: Revista dos Tribunais - EDUSP, 1977.

DÜHRINGER, A. Nietzsches Philosophie vom Standpunke des modernen Rechts. Leipzig: Verlag von Veit & Comp., 1906.

FERON, O. A Antropologia Filosófica a Partir da Tradição Alemã. Trabalhos de Antropologia e Etnologia, Vol. 56, pp. 273-283, 2016.

GEHLEN, A. Der Mensch: seine Natur und seine Stellung in der Welt. Gesamtausgabe: Vol. 3. Parte 1. Frankfurt am Main: Klostermann, 1993.

GEPHART, W. Recht als Kultur: zur kultursoziologischen Analyse des Rechts. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2006.

GORDON, P. E. Continental Divide: Heidegger, Cassirer, Davos. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2010.

HARTMANN, N. Grundzüge einer Metaphysik der Er¬kenntnis. Berlim: Walter de Gruyter, 1946.

______. Zur Grundlegung der On¬tologie. Berlim, Walter de Gruy¬ter, 1965

HETZEL, Andreas; POSSELT, Gerald (Orgs.). Handbuch Rhetorik und Philosophie. Berlim: De Gruyter, 2017.

KANT, I. Lógica. Trad. Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: 1992.

KAZANTZAKIS, N. Friedrich Nietzsche on the Philosophy of Right and State. Trad. Odysseus Makridis. Nova Iorque: State University of Nova Iorque Press, 2006.

KRANZ, M. Begriffsgeschichte institutionell: Die Senatskommission für Begriffsgeschichte der Deutschen Forschungsgemeinschaft (1956-1966) Darstellung und Dokumente. Archiv für Begriffsgeschichte, 53, 2011.

KOHLER, J. Nietzsche und die Rechtsphilosophie. Archiv für Rechts- und Wirtschaftsphilosophie, Vol. 1, No. 3 (1907/1908). Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 1908.

KONERSMANN, R. Handbuch Kulturphilosophie. 1. ed. Stuttgart: J.B. Metzler, 2012.

KUNZ, J. Sôbre a problemática da filosofia do direito nos meados do século XX. Revista da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, n. 46 (1951): 5-43.

LAFER, C.; FERRAZ JR., T. S. (Org.). Direito, política, filosofia, poesia: estudos em homenagem ao professor Miguel Reale no seu octogésimo aniversário. São Paulo: Saraiva, 1992.

LESSING, G. E. Werke. Band 3. München, 1970. Disponível em: http://www.zeno.org/nid/20005266807. Acesso em: 02/09/2020.

LIMA VAZ, H. C. Antropologia filosófica I. São Paulo: Loyola, 1991.

MAGERSKI, C; SAVAGE, R; WELLER, C. (Orgs.). Moderne begreifen: Zur Paradoxie eines sozio-ästhetischen Deutungsmusters. Wiesbaden: DUV, 2007.

MARTON, S. Nietzsche e Hegel, leitores de Heráclito. Discurso, n. 21, p. 31-52, 9 ago. 1993.

MONTINARI, M. Nietzsche lesen. Berlim: de Walter de Gruyter, 1982.

MÜLLER-LAUTER, W. Doutrina da Vontade de Poder em Friedrich Nietzsche. Trad. Oswaldo Giacóia Júnior. São Paulo: Annablume, 1997.

NICHOLLS, A. Myth and the Human Sciences: Hans Blumenberg’s Theory of Myth. New York: Routledge, 2016.

NIETZSCHE, F. Sämtliche Werke. Berlim: Walter de Gruyter, 1999.

PAIM, A. Problemática do Culturalismo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995.

PERPEET, W. Kulturphilosophie: Anfänge und Probleme. Bonn: Bouvier Verlag, 1997.

RADBRUCH, G. Gesamtausgabe: Kulturphilosophische und kulturhistorische Schriften. Vol. 4. Heidelberg: C.F. Müller, 2002.

REALE, M. Experiência e cultura. São Paulo: Bookseller, 1999.

______. Invariantes axiológicas. Estudos Avançados, n. 5, vol. 13. Rio de Janeiro: 1991.

______. Filosofia do direito. São Paulo: Saraiva, 2010.

______. Fundamentos do direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998.

______. Horizontes do direito e da história. São Paulo: Saraiva, 2002.

______. Introdução à filosofia. São Paulo: Saraiva, 1994.

______. Nova fase do direito moderno. São Paulo: Saraiva, 1990.

______. O direito como experiência: introdução à epistemologia jurídica. São Paulo: Saraiva, 1992.

______. O homem e seus horizontes. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997.

______. Obras políticas (1a. fase - 1931-1937): Tomo I - Atualidades de um mundo antigo; Formação da política burguesa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1983a.

______. Obras políticas (1a. fase - 1931-1937): Tomo II - O estado moderno; O capitalismo internacional. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1983b.

______. Questões de Direito Público. São Paulo: Saraiva, 2010.

______. Paradigmas da cultura contemporânea. São Paulo: Saraiva, 1996.

______. Pluralismo e Liberdade. São Paulo: Editora Expressão e Cultura, 1998.

______. Teoria tridimensional do direito. São Paulo: Editora Saraiva, 2010.

______. Verdade e conjetura. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983c.

SANTOS, M. F. Filosofia Concreta. São Paulo: É Realizações, 2016.

SOMMER, A. U. (Org.). Nietzsche-kommentar: Zur Genealogie Der Moral. Berlim: Gruyter, 2019.

UEDING, G. (Org.). Historisches Wörterbuch der Rhetorik. Vol. 6. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2003.

Downloads

Publicado

2023-05-06

Como Citar

ARAÚJO, L. F.; ADEODATO, J. M. O Nietzsche dos juristas: A recepção por Miguel Reale no Brasil. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 14, n. 31, p. 1-17, 2023. DOI: 10.26694/pensando.vol31%.4058. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/4058. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS/VARIA