JACQUES RANCIÈRE: DESENTENDIMENTO E DEMOCRACIA
DOI:
https://doi.org/10.26694/pensando.v13i29.13762Palabras clave:
Desentendimento, Democracia, Igualdade, Política, PolíciaResumen
Este artigo questiona a dimensão crítica da democracia analisada por Jacques Rancière. Focamos particularmente os componentes do discurso que abrem o espaço da subjetividade política dentro do que Rancière chama de “modo de dizer” de uma comunidade política. O artigo examina então a tensão entre essa manifestação do discurso e a socialização produzida pela institucionalização da democracia. As formas de instituir a liberdade e a igualdade não devem ser reduzidas a uma configuração estatal estabelecida, pois justamente a confrontam, problematizam e reconfiguram. Essa divisão tem um efeito de policiamento, e Rancière usa o termo “a polícia” (la police) para se referir às ordens de governança. A essência da polícia não é a repressão, mas a distribuição – a distribuição, ou compartimentação, do sensível, do que é disponibilizado aos sentidos e do que é feito para fazer sentido. Enquanto Foucault trata a polícia como um fenômeno histórico, Rancière a utiliza para se referir a vários regimes de ordenamento. É uma lógica governamental e não um fenômeno histórico, embora obviamente tenha diversas concretizações e manifestações históricas. Existem várias ordens policiais; não temos uma única ordem policial completa e imutável, produzida por um projeto intencional. Não estamos, em outras palavras, no domínio do totalitarismo. Os efeitos de policiamento podem ser produzidos tanto pelo aparato estatal intencional quanto pelas relações sociais espontâneas. Qualquer estrutura hierárquica que procure alocar e manter lugares, pessoas, nomes, funções, autoridades, atividades e assim por diante em seu lugar “próprio” em uma ordem aparentemente natural das coisas pode ser considerada uma “polícia”, uma ordem sensata com efeitos de policiamento. A política de Rancière se preocupa com situações em que tais efeitos prejudicam a igualdade.
Citas
DUNN, John. Democracy: A History. New York: Atlantic Monthly Press, 2005.
HETZEL, Andeas. Die Wirksamkeit der Rede. Zur Aktualität klassischer Rhetorik für die moderne Sprachphilosophie. Bielefeld: Transcript Verlag, 2011.
LACLAU, Ernesto. On Populist Reason. London & New York: Verso, 2005.
MILNER, Jean-Claude. Les penchants criminels de l'Europe démocratique. Paris: Verdier, 2003.
MYERS, Ellen. “Presupposing Equality: The Trouble with Rancière’s Axiomatic Approach”. In: Philosophy and Social Criticism 42/1, 2016, p. 45-46.
RANCIÈRE, Jacques. La mésentente. Politique et philosophie. Paris: Galilee, 1995.
RANCIÈRE, Jacques. Mallarmé: Politique de la Sirène. Paris: Hachette, 1996;
____. La Parole Muette: Essai sur les Contradictions de la Littérature. Paris: Hachette, 1998;
____. La Chair des Mots: Politiques de l’Ecriture. Paris: Galilée, 1998.
RANCIÈRE, Jacques. Le Partage du Sensible: Esthétique et Politique. Paris: La fabrique éditions, 1998.
RANCIÈRE, Jacques. Aux bords du politique. Paris: Gallimard, 1998.
RANCIÈRE, Jacques. La Fable Cinématographique. Paris: Seuil, 2001;
RANCIÈRE, Jacques. L’Inconscient Esthétique. Paris: Galilée, 2001;
RANCIÈRE, Jacques. Le Destin des Images. Paris: La fabrique éditions, 2003.
RANCIÈRE, Jacques. La Haine de la Démocratie. Paris: La fabrique éditions, 2005.
RANCIÈRE, Jacques. Malaise dans l’Esthétique. Paris: Galilée, 2004;
RANCIÈRE, Jacques. Politique de la Littérature. Paris: Galilée, 2007.
RANCIÈRE, Jacques. Les trente inglorieuses. Scènes politiques. Paris: La fabrique éditions, 2022.
RANCIÈRE, Jacques. Les temps modernes. Art, temps, politique. Paris: La fabrique éditions, 2018.
RANCIÈRE, Jacques. O ódio à democracia. (Trad. de Mariana Echalar) São Paulo: Boitempo Editorial, 2014.
TANKE, Joseph J. Jacques Rancière: An Introduction. London: Continuum, 2011.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.