CONSIDERAÇÕES ACERCA DA CULTURA FILISTINA: A SERIEDADE DA EXISTÊNCIA E A ARTE COMO DISTRAÇÃO E ENTRETENIMENTO

Autores

  • João Eduardo Navachi da Silveira IFSP

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.v8i16.6392

Palavras-chave:

Nietzsche, cultura, filisteu, seriedade, entretenimento, Strauss

Resumo

O presente artigo analisa as críticas que o jovem Nietzsche dirigiu à concepção de arte vigente na cultura alemã da segunda metade do século XIX, em particular as críticas apresentadas em O nascimento da tragédia e na Primeira consideração intempestiva. Longe do potente significado que a arte possuía nas tragédias de Ésquilo e Sófocles, a arte moderna, diante da “seriedade da existência” e na esteira da tendência de Eurípides, seria apenas representação de uma cultura vazia e sem substância. Se entre os gregos do período de Sófocles, a arte possuiria um sentido existencial profundo, na modernidade, ela apareceria como mero instrumento de distração e entretenimento. Como procuraremos demonstrar, o filósofo da Basileia salienta inclusive a pobreza de sentido e a torção semântica que as obras de grandes compositores como Beethoven, Haydn e Wagner teriam adquirido nas mãos de determinados tipos humanos tomados como referência na época. Segundo ele, mesmo quando os filisteus da cultura [Bildungsphilister] se referiam aos grandes artistas ou gênios, em tom supostamente elogioso, eles assim o faziam de forma equivocada e canhestra. Assim, buscando ressignificar e redimensionar o papel da arte na cultura alemã moderna, Nietzsche critica o exaltado escritor da época David Strauss, enxergando nele uma espécie de modelo humano ou expressão lapidar da cultura filistina.

Referências

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Publicado

2018-03-04

Como Citar

NAVACHI DA SILVEIRA, João Eduardo. CONSIDERAÇÕES ACERCA DA CULTURA FILISTINA: A SERIEDADE DA EXISTÊNCIA E A ARTE COMO DISTRAÇÃO E ENTRETENIMENTO. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 8, n. 16, p. 130–151, 2018. DOI: 10.26694/pensando.v8i16.6392. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3401. Acesso em: 2 jul. 2024.

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