Os caminhos e descaminhos de um encontro etnográfico com a loucura
Breves notas de uma experiência em um Centro de Atenção Psicossocial situado no interior paulista
Palavras-chave:
Etnografia, CAPS, Reforma Psiquiátrica, Saúde MentalResumo
De acordo com os ideais italianos da luta antimanicomial, a desinstitucionalização vai muito além da retirada dos pacientes dos manicômios e hospícios. É, sobretudo, um movimento de reintegração à vida social e produção de uma alternativa, além da desconstrução de uma lógica manicomial que instalou-se. No Brasil, são inegáveis as transformações no que diz respeito à assistência aos indivíduos no pós Reforma Psiquiátrica. Sendo assim, o primeiro CAPS do país remonta ao ano de 1987, em São Paulo, na efervescência das agitações pela RPB e em um momento de redemocratização após um período ditatorial. Se constituiu como um espaço de trabalho interdisciplinar, com uma equipe composta por diversos profissionais e por, sobretudo, a valorização deles – e também como um espaço em que o esforço pela horizontalização do tratamento é visível. Este artigo objetiva descrever um esboço das distintas experiências vivenciadas neste contínuo movimento que encontra-se este CAPS do interior paulista. Este estudo compõe-se partindo de uma investigação qualitativa de inspiração etnográfica, apoiada nas visitas à Instituição e na redação do diário de campo. Entre reuniões e discussões, se estabelece a possibilidade da compreensão de múltiplas significações do sofrimento psíquico e, mais ainda, de múltiplas maneiras de conduzir o tratamento.