TÉCNICA, POLÍTICA E PERCEPÇÃO: UM DIÁLOGO ENTRE B. STIEGLER, G. SIMONDON E J. RANCIÈRE
DOI:
https://doi.org/10.26694/pet.v4i8.2067Palabras clave:
Técnica, Política, PercepçãoResumen
Em filosofia é comum o empenho em uma busca normativa, normatividade esta que aparece nos processos perceptivos quando o sujeito entra em relação com realidades de uma ordem de magnitude diferente da sua (seja com aquilo que é menor e assim manipulável, seja com aquilo que se apresenta como maior que ele e, desse modo, digno de respeito, de ser contemplado, suscitando a aspiração a uma integração com essa ordem maior em questão, ou o desejo de a ela ajustar-se). Não acontece de outra maneira quando se trata de filosofar sobre a técnica – com efeito, em que ordem ou nível de magnitude em relação a nós ela – a técnica – se situa? Pensamos que a primeira condição para responder a tal pergunta é formulá-la em termos políticos. A tese a ser desenvolvida neste trabalho é a de que a percepção filosófica da técnica contemporânea, de um modo geral, está permeada pelo preconceito de que a técnica é algo destrutivo e que se encontra fora de controle, demandando uma filosofia moral-normativa capaz de impor-lhe os devidos limites: no entanto, não é preciso permanecer pensando assim; através da articulação entre o conceito estético-político de partilha do sensível (Rancière), e os conceitos (ontogenéticos e político, respectivamente) de individuação psíquica e individuação coletiva (Simondon) e psicopoder (Stiegler), pretende-se demonstrar, não a ineficácia de uma filosofia moral- normativa, mas a necessidade anterior de uma compreensão política da questão da técnica, para que, assim, tal problema possa ser recolocado de forma mais adequada em uma constelação teórica favorável à sua resolução. Tratar-se-á aqui de explicitar a relevância de uma maior sensibilização política dos sujeitos em seu processo de individuação para o caso de haver um real interesse em garantir os meios materiais de manutenção da vida no planeta.
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