“O MAIS PERIGOSO DOS BENS...”: HEIDEGGER E A AMBIGUIDADE DA LINGUAGEM
DOI:
https://doi.org/10.26694/pet.v4i8.2075Keywords:
Linguagem, Existência, Ser, AmbiguidadeAbstract
Em uma conferência de 1936, intitulada Hölderlin e a Essência da Poesia, o filósofo alemão Martin Heidegger comenta um escrito do poeta Friedrich Hölderlin, que caracteriza a linguagem como “o mais perigoso de todos os bens”. Na leitura de Heidegger, linguagem é, enquanto força de exposição do ser, também o principal perigo para o próprio ser. Isto porque, uma vez que o ser expõe-se por meio dos entes, ele jamais se deixa apreender enquanto tal, abrindo a possibilidade de se tomar o ente pelo ser. Dessa forma, pertence à linguagem uma intrínseca ambiguidade: ao mesmo tempo em que é por meio dela que o ser se revela e expõe (nos entes), é também por meio desse revelar que o ser se encobre – e ao manter-se encoberto, corre o risco de se deixar tomar pelo ente como vigência constante. Também em Ser e Tempo, obra de 1927, observa-se que Heidegger pensa a ambiguidade característica da linguagem, ao fazer derivar o enunciado demonstrativo (desde o qual se apresenta o ente como “simplesmente dado”) da interpretação existencial. Nesse fenômeno, o ente se mostra não desde a essência, tal como é pensada pela tradição metafísica, mas como pura “manualidade”, isto é, uma possibilidade projetada no ser da existência, do Dasein.
References
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