O messianismo profano da forma-de-vida.

Considerações sobre a ética do resto de Giorgio Agamben

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.vol14i31.4043

Palavras-chave:

Forma-de-vida, Messianismo, Ética, Resto, Agamben

Resumo

Este artigo procura articular as considerações que o filósofo italiano Giorgio Agamben faz sobre o sintagma “forma-de-vida” às formulações messiânicas que ele apresenta em diferentes livros.  A noção de forma-de-vida está ligada à outra noção, a vida nua. Aquela é uma profanação desta e resulta, portanto, da nulificação da operação que separa e hierarquiza no viver as diferentes capacidades da vida. Para o pensador italiano, profanar a vida nua significa lembrar que a forma de viver do humano é antes e sobretudo as suas possibilidades, significa exibir a contingência histórica que a produziu e a realização mesma dessa contingência. Esse gesto de exibição da contingência têm um caráter messiânico, já que, para Agamben, o messianismo poderia ser definido como uma vocação que revoga toda vocação. Nesse sentido, a partir desse gesto de nulificação, este artigo pretende mostrar como o que seria a ética agambeniana do resto e como nela está presente uma série de categorias messiânicas.

 

 

Biografia do Autor

Caio Paz, UFRJ/ Pós-doutorando

Caio Paz é doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ / FAPERJ), mestre em Filosofia pela Universidade Federal Fluminense (UFF / CAPES) e graduado em História pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisa Filosofia, com ênfase em Filosofia política, estudando especialmente o pensamento de Giorgio Agamben e Michel Foucault. É integrante do laboratório "Filosofias do tempo do agora" da UFRJ. Atualmente faz pós-doutorado no PPGF-UFRJ, onde desenvolve a pesquisa "Uma arqueologia da escravidão moderna: considerações éticas sobre o Brasil a partir de Giorgio Agamben e Achille Mbembe".

Referências

AGAMBEN, Giorgio. “Agamben, le chercheur d’homme”. [entrevista concedida a] Jean-Baptiste Marongiu. Liberation, Paris, 1 de abril de 1999. Disponível em: https://next.liberation.fr/livres/1999/04/01/agamben-le-chercheur-d-homme_270036

AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auchwitz: arquivo e a testemunha. Tradução de Selvino J. Assman. São Paulo: Boitempo, 2008.

AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. 2ª edição. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

AGAMBEN, Giorgio. A comunidade que vem. Tradução de Cláudio Oliveira. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

AGAMBEN, Giorgio. “O que é um campo?”. In: AGAMBEN, Giorgio. Meios sem fins: notas sobre a política. Tradução de Davi Pessoa. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.

AGAMBEN, Giorgio. O tempo que resta: um comentário à Carta aos Romanos. Tradução de Davi Pessoa e Cláudio Oliveira. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.

AGAMBEN, Giorgio. “Sul concetto di esigenza”. In: AGAMBEN, Giorgio. Che cos’è la filosofia?. Quodlibet Editore: Macerata, 2016.

AGAMBEN, Giorgio. O uso dos corpos. Tradução de Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2017.

AGAMBEN, Giorgio. Karman: breve trattato sull’azione, la colpa e il gesto. Turim: Bollati Boringhieri, 2017.

BENJAMIN, Walter. “A felicidade do homem antigo”. Tradução de Anderson Gonçalves. Magma: Revista do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo, São Paulo, n. 7, 2001.

BENJAMIN, Walter. “Destino e caráter”. In: Escritos sobre mito e linguagem. Organização, apresentação e notas de Jeanne Marie Gagnebin. Tradução de Susana Kampff e Ernani Chaves. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2011.

BENJAMIN, Walter. “Fragmento teológico-político”. In: O anjo da história. Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

BENJAMIN, Walter. “Sobre o conceito da História”. In: BENJAMIN, Walter. O anjo da História. Organização e Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e narração em Walter Benjamin. São Paulo: Perspectiva, 2011.

JAREK, Márcio. “Sobre niilismo e felicidade em alguns escritos políticos de Walter Benjamin”. Cadernos Benjaminianos, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 77-90, 2018.

WEBER, Max. A ética protestante o “espírito” do capitalismo. Tradução de José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo: Companhia das letras, 2004.

Downloads

Publicado

2023-05-06

Como Citar

PAZ, C. O messianismo profano da forma-de-vida.: Considerações sobre a ética do resto de Giorgio Agamben. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 14, n. 31, p. 65-79, 2023. DOI: 10.26694/pensando.vol14i31.4043. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/4043. Acesso em: 24 abr. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS/VARIA