Nietzsche e a planta homem

Sobre o perspectivismo vegetal

Autores/as

  • Jelson R. de Oliveira Pontifícia Universidade Católica do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.vol14i33.4502

Palabras clave:

Nietzsche, Filosofia vegetal, perspectivismo, Vontade de poder, planta

Resumen

O uso estratégico e metafórico dos fenômenos vegetais é um tema recorrente na obra de Nietzsche e vem despertando o interesse de vários intérpretes de seu pensamento, que tentam conectar tais ideias àquilo que hoje se convencionou chamar de “filosofia vegetal”. Pretendemos, neste artigo, analisar um aspecto dessas aproximações, demonstrando que o perspectivismo vegetal daria nome a uma estratégia de crítica ao antropocentrismo radicado na crença na superioridade racional do ser humano, a partir da qual se ergueu a moralização da natureza. Ao aproximar o humano e o vegetal, Nietzsche não apenas critica tal tradição, como evidencia a tarefa filosófica assumida por ele mesmo: re-naturalizar a moral como medida para a recriação dos valores. Pretendemos demonstrar como isso ajuda a compreender como a planta serve de exemplo paradigmático da concepção de vida como vontade de poder, na medida em que ela se torna veículo de uma visão perspectiva da própria vida. Começaremos por abordar a crítica nietzschiana ao antropocentrismo para, a seguir, demonstrar como a aproximação entre homem e planta (na concepção de uma Pflanze Mensch) pode ser compreendida a partir de três aspectos (que são as três lições da vida vegetal): medir, crescer e resistir.

Biografía del autor/a

Jelson R. de Oliveira, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pesquisador do CNPq, com bolsa de produtividade em pesquisa (Pq2). Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (1999), especialização em Sociologia Política e mestrado em História da Filosofia Moderna e Contemporânea pela mesma Universidade (2004) e doutorado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos, com pesquisa sobre a Amizade em Nietzsche. Realizou estágio pós-doutoral na Universidade de Exeter (Reino Unido), com bolsa CAPES (2016). Foi bolsista produtividade da Fundação Araucária entre 2018 e 2020. Foi professor do Mestrado em Direitos Humanos da PUCPR (2015-2017), coordenador do Curso de Licenciatura em Filosofia (2009-2011) e do Programa de Pós-graduação - mestrado e doutorado (2012-2013; 2018-2020) da PUCPR, onde foi também Diretor de Graduação (2014-2015). Foi professor visitante na Univerisdade Católica de Moçambique (2018) e na Universidade Nacional do Timor Leste (2019). É membro do Grupo de Pesquisa Hans Jonas do CNPq, é membro e ex-coordenador do GT Hans Jonas; membro do GT de Filosofia da tecnologia e da técnica e do GT Genealogia e crítica da ANPOF (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia). É membro da "The Posthuman Latin-American Network" e diretor-fundador da Cátedra Hans Jonas da PUCPR, criada em 2020. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Ética e História da Filosofia Contemporânea, Fenomenologia da vida, Filosofia da Técnica e da Tecnologia, Filosofia do Meio Ambiente e Ética Ambiental, atuando principalmente em torno de autores como Nietzsche, Schopenhauer e Hans Jonas.

Citas

ANSELL-PEARSON, Keith; EMDEN, Christian J.; Introduction: Nietzsche and the Ethics of Naturalism. The Journal of Nietzsche Studies 11 March 2016; 47 (1), p. 1–8.

COCCIA, Emanuele. A vida das plantas: uma metafísica da mistura. Tradução de Fernando Scheibe. Editora Cultura e Barbárie, 2018.

FREZZATTI JUNIOR, Wilson. Nietzsche contra Darwin. São Paulo: Discurso editorial; editora Unijui, 2001.

HIERNAUX, Quentin. Philosophie du vegetal. Botanique, épistemologie, ontologie.

HIERNAUX, Quentin. Pourquoi et comment philosopher sur le vegetal? In: HIERNAUX, Quentin; TIMMERMANS, Benoît (Coord.) Philosophie du vegetal. Paris: Vrin, 2019, p. 11-27.

LEMM, Vanessa. (2016). La filosofía vegetal de Friedrich Nietzsche. In: GAITÁN, I. D. Ávila (Ed.). La cuestión animal(ista). 1 ed. Bogotá: Ediciones desde abajo, 2016, pp. 151-171) (Biblioteca Pensamiento y Futuro).

LEMM, Vanessa. Is Nietzsche a Naturalist?: Or How to Become a Responsible Plant. The Journal of Nietzsche Studies 11, March 2016, 47 (1), p. 61–80.

LEMM, Vanessa. What we can learn from Plants about the Creation of Values. Nietzsche-Studien 44 (1), 2015.

MARDER, Michael. Plant-Thinking: a Philosophy of Vegetal Life. New York: Columbia University Press, 2013.

MARDER, Michael. Pour un phytocentrisme à venir. In: HIERNAUX, Quentin; TIMMERMANS, Benoît (Coord.) Philosophie du vegetal. Paris: Vrin, 2019, p. 115-132.

MÜLLER-LAUTER, Wolfgang. A doutrina da vontade de poder em Nietzsche. Apresentação de Scarlett Marton; tradução de Oswaldo Giacoia Jr. São Paulo: Annablume, 1997. (Col. E, 6)

NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2011.

NIETZSCHE, Friedrich. Ecce Homo: Como alguém se torna o que é. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano: Um livro para espíritos livres. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.

NIETZSCHE, Friedrich. O andarilho e sua sombra. In: Humano, demasiado humano II. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2008, p. 159-313.

NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.

NIETZSCHE, Friedrich. O crepúsculo dos ídolos: ou como se filosofa com o martelo. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2006.

NIETZSCHE, Friedrich. Sämtliche Werke. Kritische Studienausgabe in 15 Bänden. Herausgegeben von Colli und Montinari. Berlin/ München: Walter de Gruyter/DTV, 1988.

OLIVEIRA, Jelson. Nietzsche, um proto-ambientalista? Poiesis: Revista de Filosofia, v. 12, n. 2, pp. 04-29, 2015.

PARKES, G. Staying Loyal to the Earth: Nietzsche as an Ecological Thinker. In: LIPPITT, J. (ed.). Nietzsche’s Futures. Palgrave Macmillan, London, 1999, p. 167-188.

PONTO, Olivier. Nietzsche - Philosophie de la lègèreté. Berlin; New York: Walter de Gruyter, 2007. (Monographien und Texte zur Nietzsche-Forschung, Band 53)

WOTLING, Patrick. La philosophie de l’esprit libre. Introduction à Nietzsche. Paris: Fammarion, 2008.

Publicado

2024-01-23

Cómo citar

R. DE OLIVEIRA, Jelson. Nietzsche e a planta homem: Sobre o perspectivismo vegetal. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 14, n. 33, p. 4–16, 2024. DOI: 10.26694/pensando.vol14i33.4502. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/4502. Acesso em: 24 nov. 2024.

Artículos similares

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

También puede {advancedSearchLink} para este artículo.