Por que ainda somos freireanos?
Analisando o “paulofreirianismo”, uma “teologia laica”
DOI:
https://doi.org/10.26694/pensando.vol15i35.5319Palavras-chave:
Paulo Freire, paulofreireanismo, crítica, teologia laicaResumo
Porque ainda somos freireanos? A resposta a esta simples pergunta parece ter deixado de ser pedagógica, educativa, libertadora e conscientizadora, de acordo com o que originalmente era esperado, para se transformar em algo mais: uma teologia laica. Esta é a afirmação do professor Flávio Brayner, da Universidade Federal de Pernambuco, em seu ensaio “Paulofreireanismo”: uma teologia laica?. O processo de transformação que levou a esta metamorfose da pedagogia freireana é chamado por ele de “institucionalização” e passa pelos seguintes elementos: como o culto à personalidade, a fidelidade doutrinária, a criação de um programa metodológico, de um léxico próprio e uma disciplina acadêmica e, finalmente, a admissão do método Paulo Freire como base e modus operandi de Políticas Públicas por meio da promulgação do autor como Patrono da Educação Brasileira, em 2012, e na publicação do Marco de Referência da Educação Popular, em 2014. Esse processo, aliado a questões internas da pedagogia de Freire, ou seja, seu caráter profético (escatológico) e salvacionista (soteriológico), fizeram com que Flávio Brayner encontrasse a resposta para a sua questão em outro lugar: nessa estranha mistura entre laicidade e teologia. Neste artigo, pretendo analisar sua argumentação para compreender melhor o “paulofreireanismo” e como ele tem atrapalhado, impedido e deturpado a crítica profícua que poderia surgir do estudo aprofundado da obra de Paulo Freire. Portanto, ainda que este artigo não se caracterize propriamente como uma investigação filosófica, ele serve como apoio para futuros trabalhos de análise do pensamento do recifense.
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