Teoria Crítica e evolução social (II)
Lógica de desenvolvimento, dinâmica de desenvolvimento e processos de aprendizagem em Habermas
DOI:
https://doi.org/10.26694/pensando.vol15i36.5774Palavras-chave:
Teoria Crítica, Evolução social, Lógica de desenvolvimento, Dinâmica de desenvolvimento, Processos de aprendizagem socialResumo
O presente estudo prossegue com as análises apresentadas no artigo “Teoria crítica e evolução social (I): sobre a origem e relevância do conceito de aprendizagem social na obra habermasiana da década de 1970”, discutindo nesta oportunidade como o conceito de aprendizagem, apresentado na década de 1970, articula as premissas da evolução social inscritas no modelo habermasiano de teoria crítica antes das revisões empreendidas na Teoria da Ação Comunicativa (1981), esclarecendo os conceitos de lógica de desenvolvimento e de dinâmica de desenvolvimento, insuficientemente descritos em Problemas de legitimação no capitalismo tardio (1973), a partir das do “acerto de contas” de Habermas com Marx na obra Para a reconstrução do materialismo histórico (1976). Os conceito de lógica do desenvolvimento e dinâmica de desenvolvimento articulam (implicitamente) pressupostos da pragmática formal e da crítica da econômica política – ainda que não centrados na categoria “trabalho” – para explicar por que a resolução de problemas de condução pode ser compreendida como “vetor gradiente” dos processos de aprendizagem social, que justificam a estratégia heurística subjacente à ideia de evolução social. Na obra de 1976, Habermas enfrenta os desafios teóricos vinculados à proposição da ideia de progresso histórico, a partir dos pressupostos materiais e simbólicos que estruturam a “história da espécie” pressuposta em seu modelo teórico de evolução social. Contudo, a racionalização das imagens de mundo e o surgimento de novas estruturas (e instituições) normativas entendidos como pressupostos dos processos de aprendizagem, que articulam os “problemas de condução” e a possibilidade de evolução social, não resolvem satisfatoriamente o problema da homologia entre as dimensões da ontogênese e filogênese (falácia ontogenética) na obra de 1976. As críticas de Klaus Eder a Habermas serão respondidas diante da revisão da ideia (de processos) de aprendizagem (social) apresentada na obra de 1981, a partir das contribuições do interacionismo simbólico de Mead.
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