Ética solidária, para quê?

Entre a Crítica e o “Social” como apontamentos ao populismo bolsonarista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.vol14i31.4064

Palavras-chave:

Teoria Crítica, Populismo, solidariedade

Resumo

O escopo basilar de uma Teoria Crítica tem como fundamento a emancipação na qual decorre da análise, do diagnóstico e de uma atitude corretiva perante uma determinada patologia social. Levando-se em consideração esses pressupostos, o atual cenário político brasileiro centrado sob uma forma populista tende a obliterar os elementos constitutivos do “Social” entendido preliminarmente enquanto instituições, práticas e relações sociais.  Sob o esteio de uma Aufklärung de uma teoria crítica da política, e tendo como base empírica o atual contexto social e político brasileiro, pretendo explicitar, nesta pesquisa, a exigência de uma ética-solidária como forma de responder aos problemas de ordem social e político nos quais se emolduram sob o modo de um populismo “bolsonarista” no qual solapa a esfera “Social” no Brasil. Para tal tratativa, parto da ideia básica de que uma teoria crítica deva assumir um pensamento decolonial como plataforma de sua compreensiva socionormatividade (1). Ao assumir (1), uma crítica imanente ao vigente populismo se move para uma ação ético-solidária como tentativa de correção desse “dasein” político (2).

Biografia do Autor

José Henrique Sousa Assai, UFMA

Professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFIL - UFMA) Doutorado em Filosofia (PUCRS) com estágio doutoral sanduíche na Europa Universität Flensburg no Institut für Gesellschaftswissenschaften (Alemanha) com o apoio da CAPES/PDSE sob a orientação do prof. Dr. Hauke Brunkhorst. Mestrado em Filosofia (UFC). Especialização em Didática do Ensino Superior (FAMA - MA). Capacitação em Germanística (Friedrich Schiller Uni - Jena / Alemanha) Licenciatura em Filosofia (USF - SP). Coordenador do Grupo de Estudo e Pesquisa 'Filosofia Social e Teoria Crítica' (UFMA) Linhas de Pesquisa: Filosofia Social, Ética e Política, Teoria Crítica, Filosofia Política, Filosofia do Direito.

Referências

ALEGRETI, Laís. Bolsocaro'? O que explica inflação mais alta para os mais pobres durante a pandemia. https://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2021/03/17/bolsocaro-o-que-explica-inflacao-mais-alta-para-os-mais-pobres-na-pandemia.htm (03/março/2022).

ALLEN, Amy. The End of Progress: Decolonizing the Normative Foundations of Critical Theory. New York: Columbia University Press, 2016, 280p.

AMSTUTZ, Marc, ANDREAS, Lescano. Kritische Systemtheorie: Zur Evolution einer normativen Theorie. Bielefeld: Transcript Verlag, 2013, 410p.

AUGUSTO, Cristiane, SANTOS, Rogério. Pandemia e Pandemônios no Brasil. São Paulo: Tirant lo Blanch, 2020, 361p.

BALTAR, Paula. “A Teoria Crítica sob o olhar da decolonialidade”. In: Revista Tensões Mun-diais. Fortaleza: n. 31, 2020, pp. 21 – 47.

BIEBRICHER, Thomas. The Political Theory of Neoliberalism. Stanford: University Press, 2018, 262p.

BOHMANN, Ulf, SÖRENSEN, Paul. Kritische Theorie der Politik. Berlin: Suhrkamp Verlag, 2019, 709p.

BRUNKHORST, Hauke. Solidarität: Von der Bürgerfreundschaft zur globalen Rechts-genossenschaft. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2002, 246p.

BYRNE, Joseph P., HAYS, Jo N. Epidemics and Pandemics: from ancient plagues to modern-day threats. California: Greenwood, 2021, 741p.

CELIKATES, Robin. Kritik als soziale Praxis: Gesellschaftliche Selbstverständigung und Kritische Theorie. Frankfurt: Campus Verlag, 2009, 272p.

COELHO, Vera Schattan, NOBRE, Marcos. Participação e deliberação: teoria democrática e experiências institucionais no Brasil contemporâneo. São Paulo: Editora 34, 2004, 368p.

Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL). Panorama Social de América Latina Santiago: Naciones Unidas. 2021.

CUCHE, Denys. La noción de cultura en las ciencias sociales. Buenos Aires: Nueva Visión, 2002, 160p.

DEBORD, Guy. Society of the Spetacle. London: Rebel Press, 2005, 150p.

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Boletim de Conjuntura: Crise sanitária e econômica persiste e se intensifica. https://www.dieese.org.br/ boletimdeconjuntura/2021/boletimconjuntura27. (03/março/2022)

DETEL, Von Wolfgang. Philosophie des Sozialen. Stuttgart: Reclam, 2007, 191p.

DEUTSCHE WELLE. Bolsonaro e a Ideologia. https://www.dw.com/pt-br/bolsonaro-e-a-ideologia/a-47053263 (03/março/2022).

DIETERLEN, Paulette. La Pobreza: un estudio filosofico. México: Fondo de Cultura Económica, 2003, 189p.

DUSSEL, Enrique. 20 Teses de Política. São Paulo: Expressão Popular, 2007, 184p.

FANCELLI, Uriã. Populismo e negacionismo: o uso do negacionismo como ferramenta para a manutenção do poder populista. Curitiba: Appris, 2021, 117p.

FISCHBACH, Franck. “Die Umtriebe des “Sozialen”. In: FISCHBACH, Franck. Manifest für eine Sozialphilosophie. Bielefeld: Transcript Verlag, 2016, p. 81 – 92.

FITZI, Gregor et.al. (org.). Populism and the Crisis of Democracy: Concepts and Theory. New York: Routledge, 2019, 177p.

FORST, Rainer. Justificación y crítica: perspectivas de una teoría crítica de la política. Buenos Aires: Katz Editores, 2015, 227p.

FORST, Rainer et.al. (org.). Sozialphilosophie und Kritik. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2009, 743p.

FRANCISCO. Carta Encíclica Sobre a Fraternidade e a amizade social. https://www.vatican.va/ content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.html (03/março/2022)

GLEDHILL, John. “The Brazilian Crisis and the Ghosts of Populism”. In: KAPFERER, Bruce, THEODOSSOPOULOS, Dimitrius. Democracy’s Paradox: Populism and its Contemporary Crisis. New York: Berghahn, 2019, p. 55 – 73.

GÓMEZ, Santiago. El giro decolonial: Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Central, 2007, 308p.

GUEDES, Jozivan. “Biopolítica e normatividade: duas abordagens filosóficas acerca da pan-demia da Covid-19 a partir de Agamben e Habermas.” In: Voluntas. Santa Maria: n. 8, 2020, pp. 1- 9.

HABERMAS, Jürgen. Habermas über Corona: So viel Wissen über unser Nichtwissen gab es noch nie. https://www.fr.de/kultur/gesellschaft/juergen-habermas-coronavirus-krise-covid19- interview-13642491.html (03/março/2022).

HABERMAS, Jürgen. Im Sog der Technokratie. Berlin: Suhrkamp Verlag, 2013, 193p.

HABERMAS, Jürgen. Ach, Europa: Kleine Politische Schriften XI. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2008, 191p.

HONNETH, Axel. Die Idee des Sozialismus: Versuch einer Aktualisierung. Berlin: Suhrkamp Verlag, 2015a, 167p.

HONNETH, Axel. O Direito da liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 2015b, 646p.

HONNETH, Axel, HERZOG, Lisa. Der Wert des Marktes: Ein ökonomischphilosophischer Diskurs vom 18. Jahrhundert bis zur Gegenwart. Berlin: Suhrkamp Verlag, 2014, 670p.

JAEGGI, Rahel. Fortschritt und Regression. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2021, 200p.

JAEGGI, Rahel, FRASER, Nancy. Capitalismo em debate: uma conversa na teoria crítica. São Paulo: Boitempo, 2020, 252p.

JAEGGI, Rahel, CELIKATES, Robin. Sozialphilosophie: Eine Einführung. München: C.H.Beck, 2017, 128p.

JAEGGI, Rahel, ALLEN, Amy. “Progress, Normativity, and the Dynamics of Social Change: An Exchange between Rahel Jaeggi and Amy Allen”. In: Graduate Faculty Philosophy Journal. Berlin: n. 2, 2016, pp. 225 – 251.

JAEGGI, Rahel. Kritik von Lebensformen. Berlin: Suhrkamp Verlag, 2014, 451p.

JAEGGI, Rahel.“Was ist Ideologiekritik?” In: JAEGGI, Rahel, WECHE, Tilo (org.). Was ist Kritik? Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2013, p. 266 – 295.

JAEGGI, Rahel. “Was ist eine (gute) Institution?” In: FORST, Rainer et.al.(org.). Sozialphilo-sophie und Kritik. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2009, p. 528 – 544.

JAEGGI, Rahel. “Repensando a Ideologia.” In: Civitas. Porto Alegre: n. 1, 2008, pp. 137 – 165.

JAEGGI, Rahel. “Solidarity and indifference”. In: Solidarity in health and social care in Europa. Dordrecht: Springer, 2001, p. 287 – 308.

Jornal do Brasil. Bolsonaro chama jornalista de ‘idiota’ após ser questionado sobre foto com ‘CPF cancelado. https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,bolsonaro-chama-jornalista-de-idiota-apos-ser-questionado-sobre-foto-com-cpf-cancelado,70003694526 (01/março/2022).

Jornal do Brasil. Edson Fachin, do STF, alerta: Populismo que ronda democracia brasileira é antessala do golpe. https://www.poder360.com.br/justica/populismo-que-ronda-democracia -brasileira-e-antessala-do-golpe-diz-fachin/ (01/março/2022)

KALTWASSER, Cristóbal. The Oxford Handbook of Populism. Oxford: Oxford Press, 2017, 903p.

KÜNG, Hans. Por qué una ética mundial? Barcelona: Editorial Herder, 2002, 208p.

LACLAU, Ernesto. A razão populista. São Paulo: Três Estrelas, 2013, 383p.

LINERA, Álvaro García. A potência plebeia: ação coletiva e identidades indígenas, operárias e populares na Bolívia. São Paulo: Boitempo, 2010, 349p.

MAFFETTONE, Pietro. Populismo e filosofia politica. Napoli: Liguori Editore, 2020, 178p.

MÉSZÁROS, István. O Poder da Ideologia. São Paulo: Boitempo, 2004, 566p.

MIGNOLO, Walter, CATHERINE, Walsh. On decoloniality: concepts, analytics, praxis. Durham: Duke University Press, 2019, 291p.

MOFFITT, Benjamin. The global rise of populism: performance, political style, and representa-tion. Stanford: University Press, 2016, 190p.

MONKS, Neale, PALMER, Philip. Ammonites. London: The Natural History, 2002, 160p.

MUDDE, Cas. How populism became the concept that defines our age. https://www.theguardian.com/commentisfree/2018/nov/22/populism-concept-defines-our-age (01/março/2022).

MUDDE, Cas.“The Populist Zeitgeist.” In: Cambrigde. Oxford: n.2, 2021, pp. 541 – 563.

MUDDE, Cas, KALTWASSER, Cristóbal. Populism: a very short introduction. Oxford: Oxford Press, 2017, 131p.

MUDDE, Cas. “Populism: an ideational approach”. In: KALTWASSER, Cristóbal et.al.(org.). The Oxford Handbook of Populism. Oxford: Oxford Press, 2017, p. 46 – 70.

NELSON, Clifford. “Ammonites: Ammon's Horns into Cephalopods”. In: Journal of Society for the Bibliography of Natural History. London: n.5, 1968, pp.1-18.

NOBRE, Marcos. Ponto-Final: a guerra de Bolsonaro contra a democracia. São Paulo: Todavia, 2020, 80p.

OSTIGUY, Pierre. “Populism: a socio-cultural approach”. In: KALTWASSER, Cristóbal et.al. (org.). The Oxford Handbook of Populism. Oxford: Oxford Press, 2017, p. 104 – 133.

PARKIN, Michael. Economía. México: Pearson, 2018, 832p.

PARIJS, Philippe Van, VANDERBORGHT, Yannick. BASIC INCOME: A Radical Proposal for a Free Society and a Sane Economy. Cambridge: Harvard University Press, 2017, 384p.

PINZANI, Alessandro. “Vai trabalhar, vagabundo: retórica antipobre e aspectos normativos de uma teoria da pobreza.” In: Sob os olhos da crítica: reflexões sobre democracia, capitalis-mo e movimentos sociais. Macapá: UNIFAP, 2017, p. 348 – 388.

PINZANI, Alessandro, REGO, Walquiria Leão. Vozes do Bolsa Família: autonomia, dinheiro e cidadania. São Paulo: Unesp, 2013a, 241p.

PINZANI, Alessandro. “Justiça social e carências.” In: Teoria Crítica e Justiça Social. Florianó-polis: Nefiponline. 2013b, p. 134 – 159.

QUINTERO, Pablo. “Uma breve história dos estudos decoloniais.” In: MASP: São Paulo, 2019, pp. 1 -11.

RAONY, Ícaro et.al. “Psycho-Neuroendocrine-Immune Interactions in COVID-19: Potential Impacts on Mental Health”. https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/41894 (03/março/2022).

RIBEIRO, Adelia Miglievich. “Por uma razão decolonial: Desafios ético-político-epistemológicos à cosmovisão moderna”. In: Civitas. Porto Alegre: n.1, 2014, pp. 66 – 80.

SANTOS, Boaventura de Sousa. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Almedina, 2020, 36p.

SCHOLZ, Sally J. Political Solidarity. Pennsylvania: University Press, 2008, 286p.

SCHWARCZ, Lilia. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019, 260p.

SOBRINHO, Liton. Covid 19: Direitos Humanos e Educação. Itajaí: Univale, 2020, 457p.

STAHL, Titus. Immanente Kritik: Elemente einer Theorie sozialer Praktiken. Frankfurt am Main: Campus Verlag, 2013, 475p.

TAGGART, Paul. Populism. Buckingham: Open University Press, 2000, 140p.

THEUNISSEN, Michael. El outro: Estudios sobre la ontología social contemporânea. FCE: Méxi-co, 2014, 580p.

TORRES, Nelson Maldonado. “Transdisciplinaridade e decolonialidade.” In: Revista Socieda-de e Estado. Brasília: n.1, 2016, pp.75 – 97.

URBINATI, Nadia. Io, il popolo: come il populismo trasforma la democrazia. Bologna: Mulino, 2020, 322p.

VANDERBORGHT, Yannick, PARIJS, Philippe. Renda básica de cidadania. Argumentos éticos e econômicos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, 192p.

VARELA, María do Mar, DHAWAN, Nikita. Postkoloniale Theorie: Eine kritische Einführung. Bielefeld: Transcript Verlag, 2015, 376p.

WESCHE, Tilo. “Reflexion, Therapie, Darstellung: Formen der Kritik.” In: JAEGGI, Rahel, WESCHE, Tilo (org.) Was ist Kritik? Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2013, p. 193 – 220.

WEYLAND, Kurt. “Populism: a political-strategic approach.” In: KALTWASSER, Cristóbal. The Oxford Handbook of Populism. Oxford: Oxford Press, 2017, p. 72 – 102.

Downloads

Publicado

2023-05-06

Como Citar

SOUSA ASSAI, J. H. Ética solidária, para quê? Entre a Crítica e o “Social” como apontamentos ao populismo bolsonarista . PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 14, n. 31, p. 18-32, 2023. DOI: 10.26694/pensando.vol14i31.4064. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/4064. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS/VARIA