UMA AVALIAÇÃO CONTEMPORÂNEA DAS CRÍTICAS DE ROUSSEAU À CIÊNCIA
DOI:
https://doi.org/10.26694/pensando.v5i10.2733Palavras-chave:
Ciência, Tecnologia, RousseauResumo
No Discurso sobre as Ciências e as Artes, seu primeiro discurso, Rousseau defende a polêmica tese de que o progresso das ciências e das artes, contrariamente ao que pretendia o Iluminismo, estava contribuindo mais para a degeneração dos costumes e da sociedade do que para seu aperfeiçoamento. O Primeiro Discurso foi escrito em 1749, há quase 300 anos. Nesse período, a ciência e a nossa compreensão sobre ela mudaram profundamente. Mais importante, nesse período surgiu da ciência algo imprevisto para Rousseau no Primeiro Discurso: a tecnologia moderna. A proposta deste trabalho é, pois, revisitar as críticas de Rousseau à ciência com um olhar contemporâneo, buscando avaliar o quanto daquelas críticas ainda faz sentido nos panoramas científico e social atuais. Para tanto, classificamos esquematicamente as críticas de Rousseau em dois grupos: as que acusam a inutilidade das ciências e as que acusam como nociva a sofisticação que as ciências produzem na sociedade. Defenderemos que o surgimento da tecnologia moderna tornou obsoletas as críticas quanto à inutilidade ao mesmo tempo que potencializou as críticas quanto à sofisticação. Assim, uma parte importante de suas críticas à ciência pode ser recuperada, vestida em nova roupagem e aplicada justamente na crítica à tecnologia.
Referências
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