O ABERTO: O HOMEM E O ANIMAL DE GIORGIO AGAMBEN – UMA TENTATIVA HIPERTEXTUAL

Autores

  • Ranieri Ribas UFPI

DOI:

https://doi.org/10.26694/pensando.v4i8.1418

Palavras-chave:

Giorgio Agamben, Antropologia Filosófica, Biofilosofia

Resumo

O artigo se propõe elaborar uma exegese do livro O Aberto: o Homem e o Animal, de Giorgio Agamben, de maneira a expor o argumento central da obra bem como situar o autor na Filosofia Política contemporânea. Para Agamben, o aberto não se situa unicamente numa analítica fenomenológico-existencial do ser: politicamente, o lugar privilegiado de movimentação desse conceito situa-se especificamente na biofilosofia dos graus do orgânico. A definição desses graus torna-se cada vez mais imprecisa à medida em que se propõe distinguir o limite entre o que é o animal e o que é o humano. A inovação de Agamben na abordagem dessa questão, portanto, está no modo como ele politiza o tema do aberto e o situa numa zona estratégica entre a zoologia e as políticas do homem. A entificação do tema, o aberto, não é para o autor um índice de conspurcação cientificista; é, antes, um índice de incessante politização, isto é, realocação conceitual, modulação disciplinar e institucionalização jurídica. Agamben não quer apenas uma ciência da política, mas também uma política da ciência, entendendo a ciência como lugar soberano de mobilização, manipulação e controle dos corpos. Numa palavra, a ciência, especificamente, a biofilosofia e as ciências do homem, são legisladoras da decisão pública acerca do que é homem. E quem decide o que é o homem, decide ex ante, qual política e qual moral deve dispor sobre a ordem pública.

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Publicado

18-07-2014

Como Citar

RIBAS, Ranieri. O ABERTO: O HOMEM E O ANIMAL DE GIORGIO AGAMBEN – UMA TENTATIVA HIPERTEXTUAL. PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA, [S. l.], v. 4, n. 8, p. 1–30, 2014. DOI: 10.26694/pensando.v4i8.1418. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3213. Acesso em: 24 nov. 2024.

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