Covid-19 mortality among nursing professionals in Brazil
Abstract
DOI: https://doi.org/10.26694/2238-7234.91111-113
Em dezembro de 2019, o governo da China anunciou a ocorrência de um surto de doença respiratória causada por um novo coronavírus (SARS-CoV-2). O vírus pertence à família Coronaviridae e provoca uma doença respiratória chamada COVID-19. A doença disseminou-se rapidamente em território chinês e, desde então, atingiu mais de 100 países dos cinco continentes, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar a existência de uma pandemia de COVID-19 em 11.03.2020. Até 11 de maio, foram confirmados, no mundo, 4.006.257 casos e 278.892 mortes. Até a mesma data o Brasil confirmou 155.939 casos e 10.627 óbitos (taxa de letalidade nacional equivalente a 6,8%)(1).
Além dos grupos de maior vulnerabilidade como as pessoas idosas e/ou com comorbidades, os profissionais de saúde tem ganhado destaque no cenário da pandemia como população exposta ao risco de contaminação pelo SARS-CoV-2, devido à sua participação na linha de frente no combate à COVID-19. Destacam-se os profissionais de enfermagem, responsáveis por prestar assistência direta e permanente aos pacientes no ambiente hospitalar, incluindo a realização de procedimentos com maior risco de contaminação pelo vírus. Apesar do grande investimento na aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs), a disseminação do novo coronavírus segue elevada entre os profissionais de enfermagem, tendo como fonte de contaminação tanto pacientes como profissionais da equipe de saúde durante a rotina de trabalho.
Conforme dados disponibilizados pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), o Brasil possui atualmente 2.305.946 profissionais de enfermagem inscritos em seus respectivos conselhos regionais, sendo 565.458 enfermeiros (24,5%), 1.320.239 técnicos (57,2%), 419.959 auxiliares (18,2%) e 290 obstetrizes (0,01%), não necessariamente em atividade(2). Até 11 de maio de 2020, segundo o próprio COFEN, foram reportados mais de 13 mil casos do novo coronavírus entre profissionais de enfermagem, dos quais 3.872 foram confirmados e destes 84 evoluíram para óbito, uma letalidade de 2,2(3).
A maioria das mortes de profissionais de enfermagem devido a COVID-19 ocorreu entre mulheres (61,22%) e na faixa etária de 51 a 60 anos (26,5%). Predominaram mortes entre profissionais residentes na região Sudeste (58,16%), a mais populosa do país e onde se localiza o estado de São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil, seguida das regiões Nordeste (17,35%) e Norte (17,35%). Os estados do Rio de Janeiro (28,57%) e São Paulo (27,55%) concentram o maior número de óbitos(3).
O elevado número de óbitos por COVID-19 entre profissionais de enfermagem no Brasil pode ter relação com a dificuldade de acesso ou uso inadequado de EPIs ou ainda a carência de treinamentos para a correta utilização desses itens. Outro fator a ser considerado é a própria falta destes insumos ou sua substituição por materiais que não são ideais, um reflexo de sua alta demanda durante a pandemia, bem como da gestão deficiente de recursos pelas autoridades responsáveis.
Diante dos registros desses dados obtidos ainda no início da epidemia no Brasil, causa-nos grande preocupação o impacto da COVID-19 entre os profissionais de saúde, principalmente os que compõem a equipe de enfermagem, quando se constata a disseminação da doença para todo o território brasileiro, inclusive municípios de pequeno porte, onde talvez a escassez de EPIs seja maior, onde há menos oportunidades de atualização profissional e de medidas eficazes de suporte tanto para pacientes ou para profissionais que venham a se contaminar. A linha de frente não pode ser negligenciada! A atual crise requer uma eficiente e responsável administração de recursos materiais e humanos pelos gestores de saúde, digna de proporcionar um nível aceitável de proteção para os profissionais de enfermagem em seu ambiente de trabalho. É fundamental que estes tenham o suporte necessário para realizar com segurança a sua missão: proteger e salvar vidas, inclusive as suas!
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Autores mantém os direitos autorais e concedem à REUFPI o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob a Licença Creative Commons Attibution BY 4.0 que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.