Husserl e Damásio: conexões entre a Neurociência e a Fenomenologia
DOI:
https://doi.org/10.26694/pensando.vol15i35.4716Palavras-chave:
fenomenologia, neurociência, consciência, emoçõesResumo
O presente estudo versa sobre a relação crítica entre a fenomenologia de Husserl e as neurociências. Seria possível pensar a neurociência, que engloba várias ciências naturais, por via de um olhar fenomenológico reduzido? Avalia-se primeiramente a questão da possibilidade de unir a fenomenologia e estudos científicos sobre a consciência sem perder o caráter universal da filosofia husserliana. Tal empreitada requer ainda olhar a neurociência como possibilidade de abertura à leitura da consciência humana capaz de ampliar os conhecimentos sobre temas ainda misteriosos para a neurologia. Numa primeira etapa, deve-se mostra a relevância de resgatar o discurso da ciência, mas a partir da metodologia fenomenológica. Fazê-lo seria simplesmente naturalizar a fenomenologia ou reconduzir à neurociência ao campo universal dando-lhe amplitude investigativa? No desenvolvimento da fenomenologia, Husserl esteve sempre conectado às ciências, entre elas a psicologia. No texto “A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental” anexo XVII, Husserl diz ser o mundo científico pertencente ao mundo da vida (Lebenswelt). O termo lebenswelt pode ser traduzido por mundo da vida e significa de forma sucinta a ideia da inclusão do mundo no campo das vivências fenomenológicas. Mostra-se ainda a relação entre as emoções sob o ponto de vista neurológico e sob o ponto de vista fenomenológico, o que permite abrir caminho aos estudos da moral.
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